Depois de dois dias envolvido em polêmicas, o presidente Jair Bolsonaro resolveu colocar água fria na fervura, apelando para a velha tática de campanha: as transmissões ao vivo. Desta vez, no entanto, ele estava escoltado por dois generais, do núcleo duro do Planalto, que permaneceram ali para chancelar o discurso. A poucos dias da retomada dos trabalhos no Congresso, ele reforçou o recado sobre a reforma da Previdência, mas deixou o assunto impopular lá no meio de uma miscelânea.
Continua depois da publicidade
Ficou com o general Augusto Heleno a missão de interpretar a frase polêmica do dia. Em uma cerimônia militar no Rio, Bolsonaro afirmou que democracia e liberdade só existem se as Forças Armadas quiserem. A frase atravessada saiu com jeito de ameaça. Afinal o equilíbrio e independência dos poderes são fundamentais, assim como a liberdade de imprensa e participação da sociedade civil de uma maneira geral.
E para não dizer que chegou de mãos abanando, o presidente anunciou o fim das lombadas eletrônicas. Em dois meses, o Planalto não conseguiu organizar a comunicação do governo porque existe uma briga de poder em torno do assunto.
Por pouco
O ministro Marcelo Antonio (Turismo) está na corda bamba. Com o aumento das denúncias do laranjal em Minas Gerais, vai crescendo a pressão dentro do governo para que Bolsonaro o afaste. O temor é que ele leve a crise para dentro do Planalto.
Teste de fidelidade
Das 541 emendas apresentadas à MP que reduziu o número de ministérios, apenas três foram apresentadas pela bancada catarinense. A deputada Caroline de Toni (PSL) defende que o Conselho Nacional de Educação não fique dentro da estrutura básica do Ministério da Educação. Já a emenda do deputado Pedro Uczai (PT) pede que o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional não seja extinto. Na maioria dos casos, as propostas
defendem a recriação dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, dos Direitos Humanos e do Trabalho. A votação desta MP servirá como teste de fidelidade para o governo Bolsonaro que, em tese, tem a maioria do plenário.
Continua depois da publicidade
Bilíngue
O vice-presidente Hamilton Mourão tem se mostrado acessível não apenas para a imprensa brasileira. Desde que assumiu o mandato, em janeiro, o general já atendeu nove veículos estrangeiros. No mesmo período, Jair Bolsonaro foi mais contido na aproximação com repórteres internacionais, tendo, inclusive, cancelado a participação dele e de ministros na tradicional entrevista coletiva durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro, na Suíça.