Enquanto o Brasil amarga 14 mil mortos em razão da pandemia do coronavírus, o país vai para o terceiro Ministro da Saúde. Isso significa mais uma troca de comando, de equipes, de maneira de se relacionar com o SUS, com Estados e municípios. Os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich não caíram por incompetência.
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Teich nem teve tempo de mostrar serviço, ficou menos de um mês no cargo. Ambos saíram porque não disseram o que o presidente queria ouvir. Bolsonaro não quer um especialista em gestão ou um médico no comando da pasta, ele quer um fantoche. Ao deixar Brasília, Teich foi franco:
– Não ia manchar a minha biografia por causa da cloroquina.
Sem liberdade de atuação, Teich vinha sendo tutelado pelo militares que assumiram alguns dos principais postos do ministério. Secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, deve ficar à frente da pasta, pelo menos por enquanto. Ele é o preferido da ala militar do governo.
O grupo olavista que apoia o presidente faz campanha pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS) – ferrenho defensor do fim do isolamento social – e ainda corre por fora a médica Nise Yamahucchi, que esteve reunida com Bolsonaro nesta sexta-feira (15) pela manhã. Ela é a favor do uso da cloroquina desde o início dos sintomas do coronavírus, embora as pesquisas não tenham confirmado a eficácia do uso do medicamento.
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O que essa troca no Ministério da Saúde evidencia é que o presidente da República não está preocupado com a saúde dos brasileiros e, sim, em consolidar o seu posicionamento junto ao seu grupo político. Essa crise também serve de cortina de fumaça para a investigação da denúncia de interferência do presidente no comando da Polícia Federal.
Por meio de nota, o Conselho de Secretários de Saúde dos Estados manifesta a mais alta preocupação com a instabilidade no Ministério da Saúde.