Jair Bolsonaro pintou a praça dos Três Poderes de verde e amarelo em uma posse histórica. Depois de duas décadas de partidos de centro-esquerda se revezando no poder, um presidente que representa a direita – conservador nos costumes e liberal na economia – chega ao Palácio do Planalto prometendo uma nova Era para o país.

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Ele ainda não explicou muito bem como vai implementar essa revolução, mas a partir desta quarta, termina o palanque e começa a prática deste novo jeito de governar. A expectativa é tão grande que Bolsonaro sabe que é um presidente que não pode errar. É claro que, em tese, nenhum governante pode vacilar. Mas a responsabilidade de Bolsonaro é gigante.

O que ele prometeu ao eleitor em uma campanha com temas pouco aprofundados foram questões simples: segurança e combate à corrupção. De braços dados com Paulo Guedes, o seu guru na economia, também acena com redução de gastos e de privilégios e, o principal, geração de emprego. Assim, ele angariou a simpatia de empresários, a confiança da cúpula militar e o voto de quem não queria o PT de volta ao poder.

Para honrar essas bandeiras, esse capitão popular e obstinado vai precisar transformar o discurso fácil em políticas públicas concretas, em reformas, em postos de trabalho, sob o risco de ver desmoronar em quatro anos os símbolos que defende com tanto empenho. E não estou falando em libertar o Brasil do socialismo, que essa é uma assombração que, de fato, jamais ameaçou o país. A incompetência na gestão e a corrupção, no entanto, são pragas que amarram o desenvolvimento do país. O tradicional toma lá dá cá também corrói a administração pública. Bolsonaro jura que combaterá esses atrasos.

Além disso, mais uma vez confirmou o respeito à Constituição: – Reafirmo meu compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão – disse aos parlamentares. Quinta-feira pela manhã, Bolsonaro já promove a primeira reunião com os seus ministros e vai eleger medidas concretas para colocar em prática imediatamente, como a redução das burocracias. Mas os temas difíceis também precisam ser enfrentados, como a reforma da Previdência. Depois da paralisia provocada pela instabilidade política e econômica dos últimos anos, o país não pode perder tempo. 

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Épico 

Bolsonaro perdeu a chance de fazer um discurso épico na sua primeira manifestação no Congresso. Ele repetiu frases ditas na campanha e reafirmou compromissos com o seu eleitorado de raiz. Mas não aprofundou temas fundamentais, como a necessidade da aprovação de uma reforma da Previdência.

 

A cena inédita de Michelle 

O grande destaque da posse de Jair Bolsonaro foi Michelle, que saiu das sombras ainda na campanha presidencial para ser a face inclusiva do novo governo. A primeira-dama roubou a cena. Em uma iniciativa inédita, ela discursou antes do marido no parlatório, e se comunicou em Libras, a língua brasileira dos sinais. Ao lado dela, uma assessora traduzia o texto e, ao final, se emocionou junto com o público. 

— A voz das urnas foi clara no sentido de que o cidadão brasileiro quer segurança paz e prosperidade, em um país em que todos são respeitados — disse Michelle, que parecia em casa no Palácio do Planalto. 

Bolsonaro já deu ordens para a nova equipe do Palácio que faz questão da presença de um tradutor de libras nas cerimônias oficiais que participar. A decisão provocou uma correria nos últimos dias, porque não há uma pessoa contratada para a missão para as agendas que começam a partir de hoje. 

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