Depois de culpar governadores e prefeitos, Jair Bolsonaro resolveu jogar no colo do Supremo Tribunal Federal (STF) a responsabilidade pela crise econômica provocada pelos efeitos da pandemia do coronavírus. Como a Corte decidiu que Estados e municípios têm autonomia para decidir sobre as ações de combate à doença, o presidente da República achou conveniente reforçar a narrativa de que o isolamento social só não é rompido porque o STF amarrou as mãos do Executivo.
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O próprio ministro da Saúde, Nelson Teich, no entanto, defende a manutenção das políticas de isolamento e ainda avisou que haverá a recomendação de lockdown para algumas regiões. Quer dizer: cada Estado tem uma realidade e, em nome das vidas, essa dinâmica precisa ser respeitada. Como a evolução da doença é mais rápida do que a reorganização do ministério, algumas regiões já estão adotando medidas mais radicais.
Diante deste cenário, o presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, disse o óbvio: que o presidente deveria liderar um grande acordo envolvendo os entes federados, empresas e chefes de poderes e apresentar um plano de transição. Onde está esse plano?
O que Bolsonaro fez foi acrescentar novas áreas aos serviços considerados essenciais.
Governar é a arte de dialogar, construir acordos e colocar em pé projetos que tenham relevância social. Empresários experientes deveriam ficar com o pé atrás: quem terceiriza a solução dos problemas faz isso porque não quer resolvê-los. Enquanto isso, o Brasil chegou ontem a 9.146 óbitos em razão do coronavírus.
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Ao Supremo
O grupo de empresários que esteve com Bolsonaro nesta quinta-feira (7) e foi ao STF já vem conversando com o Ministério da Economia. O presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, por exemplo, vem alertando para os riscos da concorrência com os produtos da China, que já retomou as atividades.
Além da volta ao trabalho, os industriais também querem que o governo faça uma campanha para incentivar o consumo de produtos locais. A ideia de fazer a marcha ao Supremo partiu de Bolsonaro, que ali mesmo, na reunião, entrou em contato com o STF avisando que cruzariam a Praça dos Três Poderes.
Quando Bolsonaro acerta
O presidente Bolsonaro acerta ao recuar e ouvir o seu ministro da Economia sobre congelamento de salários dos servidores públicos. Paulo Guedes aproveitou a reunião relâmpago no STF para fazer uma crítica pública à garantia de aumento para algumas categorias, apoiada pelo Planalto na votação da Câmara. O presidente indica que vai voltar atrás, contrariando os interesses da bancada da bala, por exemplo.
Pela tangente
Regina Duarte afirmou à coluna que não conhece Dante Mantovani – demitido da Funarte no mesmo dia da posse dela como secretária da Cultura. Mantovani acusou a atriz de só contratar pessoas de esquerda e afirmou que Bolsonaro deveria demiti-la. Regina não entrou na polêmica e, após ver um vídeo do maestro, achou ele simpático:
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– Gostaria de um dia falar com ele pessoalmente, para confirmar a boa impressão que tive. As pessoas, às vezes, mudam, né? É uma esperança que tenho sempre…