Ser liberal na economia e conservador nos costumes é o que resume os princípios básicos do governo Bolsonaro, certo? É em busca desses valores, e contra o PT, que milhões de brasileiros votaram e continuam apoiando o atual presidente. Mas xingar e desrespeitar com um comentário chulo e misógino uma jornalista, estendendo a ofensa a todas as mulheres, não deveria estar neste cardápio.  

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O tipo de trocadilho de mau gosto, dito com um meio sorriso em frente ao Palácio da Alvorada, não só é indigno do cargo que o presidente ocupa como contribui para o ambiente de violência contra a mulher.  

É logico que o presidente teve objetivos claros com o comentário: alimentar a polêmica junto a sua militância digital, atacar a imprensa, tentando desacreditar o jornalismo, e gerar uma cortina de fumaça para os assuntos que de fato assolam o governo.  

O presidente, por exemplo, demonstra preocupação sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, na Bahia. Caso contrário, não estaria se vacinando com a construção de uma narrativa prévia sobre o assunto, envolvendo o governador Rui Costa e o PT.  

Bolsonaro ainda está mergulhado em uma crise com governadores e tem pela frente – o que é importantíssimo – a negociação de duas reformas no Congresso. Os problemas são continentais e exigem liderança, mas, com a declaração de ontem, Bolsonaro prova que continua a anos-luz de se tornar um estadista. 

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Amor eterno ao presidente 

Apesar de terem sido fritados pelo presidente da República, os gaúchos Onyx Lorenzoni (DEM) e Osmar Terra (MDB) transformaram os seus discursos em juras de amor eterno a Bolsonaro. As falas ocorreram durante a cerimônia de posse do general Braga Netto na Casa Civil e de Onyx no Ministério da Cidadania. No dia de seu aniversário de 70 anos, Terra perdeu o ministério e voltou para o gabinete na Câmara. Bolsonaro ouviu os elogios com um semblante fechado. 

Jeito verde-oliva 

Chamou atenção o aumento da segurança para a posse dos ministros. O evento no Planalto foi muito prestigiado, com representantes de todos os ministérios. O comentário era de que o general Braga Netto promoverá uma mudança geral na Casa Civil. 

Novo amor 

Sem ambiente no quarto andar do Planalto, onde os militares passam a dominar, jovens olavistas grudaram no ministro da Justiça, Sergio Moro. No evento do Palácio, fizeram questão de andar ao lado do ex-juiz. 

Cara na porta 

O Planalto cancelou em cima da hora o lançamento do programa Brasil Mais, de incentivo à produtividade da indústria. Convidados, inclusive, chegaram a ir até o palácio. Bolsonaro optou por uma reunião com o ministro Paulo Guedes para finalizar a reforma administrativa. A promessa a ser cumprida é a de enviar o texto antes do Carnaval.

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