A história recente do Brasil ensina que desprezar o Congresso é péssimo negócio para presidentes da República. Embora tenha passado quase 30 anos dentro da Câmara, Jair Bolsonaro ainda não conseguiu construir uma base de apoio, nem mesmo uma relação saudável com o parlamento. O resultado é a imensa dificuldade de aprovar propostas simples.

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A Medida Provisória da reforma administrativa, que determinou a redução do número de ministérios, corre risco de caducar. Se for aprovada, será com mudanças profundas, como a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro Sergio Moro (Justiça) e mudanças na Funai que desagradam o Planalto. Com o capital político que o presidente traz das urnas, a missão deveria ser bem mais tranquila. Mas, nesse cenário, há um flanco aberto. E é por ele que os partidos do centrão atacam.  

O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) voltou a afirmar que o presidente não quer acabar seus dias jogando dominó na cadeia com Lula. Ele quer dizer que Bolsonaro se nega a fazer toma lá dá cá. Mesmo assim, o governo aceitou recriar os ministérios das Cidades e da Integração para abrigar futuros aliados.

Além disso, as lideranças do governo na Câmara são inexperientes e têm pouco apoio de Bolsonaro. Apesar do apoio popular nas redes sociais, Moro praticamente ficou sozinho na luta para que o Coaf permanecesse sob seu guarda-chuva. Vale lembrar que foi o conselho que identificou movimentações financeiras atípicas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. 

Em um evento na Caixa Econômica Federal, o presidente disse que sempre transferiu a seus auxiliares a capacidade de antecipar problemas. Na prática, não é o que parece. Desde o início do ano, o Planalto amarga derrotas no Legislativo, enquanto os partidos do centrão ganham terreno. Agora, pela primeira vez, o presidente parece de fato preocupado com essa fragilidade:   

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– Talvez tenhamos um tsunami na semana que vem, mas a gente vence o obstáculo com toda a certeza –comentou o presidente. 

Demandas catarinenses 

A Frente Parlamentar Catarinense fará uma série de encontros para discutir as principais demandas do Estado. A primeira agenda será na segunda-feira, em Florianópolis, com audiência pública para debater a incorporação da Eletrosul pela empresa CGTEE.

No dia 17, o encontro ocorre em Araquari e terá como pautas a duplicação da BR-280, aeroporto de Joinville, contorno ferroviário e universidade federal. Nesse dia, os parlamentares liderados por Peninha Mendonça farão vistoria nas obras da 280. Criciúma e Chapecó também estão previstas no roteiro. 

Na ativa

Depois dos escândalos da Lava-Jato, empresas ligadas ao setor de infraestrutura resolveram criar um instituto de autorregulamentação e compliance. O general Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi chamado para comandar a iniciativa. Ele está de quarentena até julho, quando deixará a aposentadoria para comandar a nova atividade. Etchegoyen chamou o ex-ministro da Segurança pública Raul Jungmann para ajudá-lo na empreitada. 

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No sal

Os institutos federais só vão receber mais recursos no segundo semestre se a economia melhorar. No encontro com reitores, o ministro Abraham Weintraub (Educação) reforçou que a liberação está condicionada à aprovação da reforma da Previdência antes do recesso parlamentar. Ao mesmo tempo, o ministro assegurou que nenhum instituto vai parar as atividades e que casos emergenciais serão avaliados. 

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