O governo de Jair Bolsonaro sofre de envelhecimento precoce. Prestes a fechar três meses à frente do Palácio do Planalto, o presidente enfrenta desgastes dignos de quem já é veterano no mandato. Em 90 dias, um ministro foi demitido, outro (Turismo) está sendo investigado pela Polícia Federal, e um terceiro, o da Educação, só não foi demitido por detalhe. Além disso, Bolsonaro protagonizou violenta troca de farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocando em risco as negociações da reforma da Previdência. O dólar disparou, a Bolsa despencou, o mercado mandou recado, bombeiros entraram em cena. Uma trégua foi anunciada, mas quem conhece a Câmara sabe que há sequelas. E estamos só no começo de 2019. 

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Esse clima de tensão é resultado da estratégia da corda esticada. Bolsonaro construiu a carreira política apostando na tática do conflito. Ele não foi um homem de partido ou de grupos políticos, o que ajudou no discurso de campanha a favor da chamada “nova política” – embora tivesse quase 30 anos de parlamento. Agora, no comando do país, ele e o os conselheiros mais próximos – os filhos – mantiveram viva essa prática. Eleger inimigos e balançar a árvore da pauta de costumes são atos que asseguram a mobilização dos simpatizantes nas redes sociais. Mas quem governa precisa aprender a construir pontes. Bolsonaro conta com importante capital político proveniente das urnas. Ele precisa aproveitar essa popularidade.

Nestes primeiros 90 dias, as áreas com melhor desempenho foram as mais pragmáticas. O Ministério da Infraestrutura, por exemplo, colhe excelentes resultados com os leilões de estradas, aeroportos e ferrovia. O Ministério da Economia prepara medidas na área de crédito para tentar acelerar a economia. Em um país em que o número de desempregados chega a 13,1 milhões de brasileiros, e com uma herança maldita engessando as contas públicas, não há tempo a perder.

Pauta bomba

O ministro Paulo Guedes (Economia) não quer, mas há quem aposte que o projeto da Lei Kandir será levado ao plenário da Câmara. Tudo dependeria do humor do presidente, Rodrigo Maia, nos próximos dias. Integrantes da Frente Municipalista já falam na possibilidade do relator leva o assunto ao plenário na próxima semana.

Fiadores

Entre os ministros mais elogiados por deputados consultados pela coluna, estão Tereza Cristina (Agricultura) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). Eles são apontados como eficientes, atenciosos com os parlamentares, voltados para a solução dos problemas dos setores que representam e avessos a polêmicas. Tereza é produtora rural e deputada federal eleita pelo DEM do Mato Grosso e Tarcísio é técnico que já integrou governos passados.

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Abajur

Com a chegada do brigadeiro Ricardo Machado Vieira na secretaria-executiva do Ministério da Educação, Ricardo Vélez passa a ocupar o posto de rainha da Inglaterra. Fragilizado, sem resultados a apresentar, o ministro não tem condições de escolher a nova equipe.