Com a demissão de Luiz Henrique Mandetta e uma tentativa de alinhamento com prefeitos, o presidente Jair Bolsonaro tenta sair do isolamento. A ideia é aproveitar que municípios, em especial do sul do Brasil, começaram a flexibilizar o isolamento social para resgatar o apoio dessas regiões e voltar a se fortalecer politicamente.  

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Embora o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, não tenha defendido publicamente as bandeiras do presidente, isolamento vertical e uso da cloroquina, Bolsonaro ao menos não terá nenhuma autoridade do governo contestando as suas ações. Ao defender a abertura do comércio e das fronteiras, ele mesmo reconheceu que corre risco. O cálculo é político: com a economia em frangalhos e a política econômica de Paulo Guedes desmontada, sobrará quase nada para apresentar na campanha à reeleição.  

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Só os fãs de Bolsonaro não reconhecem que ele saiu menor da queda de braço com o ex-ministro da Saúde. Os panelaços voltaram durante os pronunciamentos em rede nacional e a autoridade dele foi contestada. Agora, com um plano de combate à covid-19 montado e em andamento, mas sem a sombra de um político carismático como Mandetta, Bolsonaro articula para retomar as rédeas do próprio governo.  

Ao declarar guerra ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elegeu um novo inimigo e deu novo combustível a seus apoiadores nas redes. Além, é claro, de emparedar parlamentares aliados que estavam dispostos a aprovar o projeto de socorro aos Estados e municípios. Líderes dos partidos na Câmara, no entanto, deram um conselho a Maia: deixe o presidente falando sozinho. 

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Começou mal

Embora convidados para o evento, representantes dos conselhos de secretários estaduais e municipais de Saúde foram barrados no Palácio do Planalto e impedidos de acompanhar a posse de Nelson Teich. Em nota, as entidades lamentaram e repudiaram a atitude e esperam um pedido formal de desculpas do novo ministro e do governo Bolsonaro. Questionado pela coluna, o Planalto repassou a responsabilidade para a Saúde, que afirmou que a cerimônia foi restrita em razão da pandemia. A assessoria disse ainda que as entidades foram comunicadas da posse e que serão convidadas para uma reunião de apresentação no ministério. 

Suporte psicológico 

De maio a setembro, profissionais de saúde do SUS todo o país que atuam no combate ao coronavírus terão suporte psicológico gratuito. A parceria da Secretaria de Atenção Primária à Saúde com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre terá um investimento de R$ 2,3 milhões. A central de teleconsultas contará com 30 profissionais que serão selecionados via edital.