Por trás da aproximação de Jair Bolsonaro a caciques do centrão, há mais do que a distribuição de cargos em troca de apoio imediato em votações no plenário. O que está em jogo é a disputa pela presidência da Câmara. Em reuniões com essas lideranças, o presidente da República deixou claro que precisa, sim, de base de apoio no Congresso. E mais: o Palácio do Planalto está interessado em ter no comando da Casa um presidente que não represente riscos à governabilidade, que não tenha apetite para levar adiante um processo de impeachment.
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Neste primeiro momento, partidos do centrão ganham cargos de segundo escalão, com polpudos orçamentos, mas já articulam o próximo passo.
Rodrigo Maia (DEM-RJ) só pode se candidatar à reeleição se houver aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). Consciente disso, vem trabalhando em nomes de confiança para suceder-lhe, que podem sair do PP ou do MDB. Maia tem uma vantagem sobre o governo: é bem articulado em todas as bancadas e conta, inclusive, com os votos da oposição. Quer dizer, se o Planalto não tiver habilidade, o próximo presidente da Câmara poderá ser eleito com votos do centrão, dos deputados do PSL que romperam com Bolsonaro e das principais legendas da chamada “esquerda”, tão demonizada pelos bolsonaristas.
Mensaleiros e investigados pela Lava-Jato, como Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PL), Marcos Pereira (Republicanos) e Ciro Nogueira (PP), estão de volta ao jogo. Já Bolsonaro, convencido de que tem o apoio incondicional de seus eleitores mais fieis, se entrega ao condenável toma lá dá cá.
Nelson Teich no front
O ministro da Saúde ainda não apresentou um plano de combate à pandemia do coronavírus e, a seu lado, está uma nova equipe, formada principalmente por militares. Mas Nelson Teich acerta ao sair de Brasília e ir às regiões onde a crise é mais aguda. Depois do Amazonas, na sexta-feira esteve no Rio, Estado que já tem 1.503 mortos pela doença. O Rio, aliás, é a base eleitoral da família Bolsonaro. Nenhum dos integrantes acompanhou o ministro.
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Sozinho
Há 20 dias, o presidente Bolsonaro afirmou que as escolas militares retomariam as atividades, começando pelo Distrito Federal. Faltou combinar com o governador do DF, Ibaneis Rocha, e até com as famílias. Na sexta-feira, Ibaneis descartou a volta às aulas ainda em maio e acenou com a possibilidade de retomada só em agosto para toda a rede.