Falta empatia ao presidente da República com a população brasileira em meio à pandemia do coronavírus. Enquanto convivemos com a triste marca de mais de 11 mil mortes e 162 mil contaminados, Bolsonaro afirmou que iria fazer churrasco para umas 30 pessoas – e falou ironicamente que seria acusado de um crime –, depois, nova ironia, ao dizer que seriam 3 mil convidados e, por fim, bradou que era uma fake news.
Continua depois da publicidade
Notícia falsa que foi criada pelo próprio presidente, é bom ressaltar. Virou “fake news” quando a repercussão negativa, inclusive em um reduto caro ao presidente, as redes sociais, ficou maior do que o esperado, a ponto de ser um dos assuntos mais comentados no Twitter no sábado. No mesmo dia, Bolsonaro passeou de moto aquática pelo Lago Paranoá. Sim, cada um faz o que quer em seus dias de descanso. Mas me pergunto se este é o momento.
> Em site especial, saiba tudo sobre o coronavírus
Estamos enfrentando uma grave crise de saúde e precisamos, sim, de um presidente preocupado com a economia, mas especialmente com a vida dos brasileiros. Que vá a público com o seu novo ministro da Saúde para explicar o que está sendo feito para salvar vidas, que apresente um plano concreto de combate à doença e que se reúna com governadores para que, juntos, pensem o que se pode fazer hoje e discutam também o futuro, que não será fácil.
Mas, acima de tudo, que mostre aos brasileiros que está tão estarrecido quanto nós ao assistir aos números subindo dia a dia desastrosamente. É inamissível que o presidente não tenha falado sobre as mortes nem do seu Estado. O Rio, em uma semana, passou de 1.019 mortes para 1.714, um aumento de quase 70%.
O que não precisamos neste momento, presidente, é de frases como “e daí?”, “quer que eu faça o quê?” e “não sou coveiro”. Seu papel durante à pandemia deveria ser o de liderar o país para o qual foi eleito, passar confiança à população com atitudes claras e objetivas e, finalmente, descer do palanque.
Continua depois da publicidade
Clima quente na Capital Federal
Sergio Moro estará em Brasília nesta semana para assistir à gravação da reunião em que Bolsonaro teria afirmado que, se não pudesse trocar o superintende da PF no Rio, trocaria o diretor-geral. O vídeo será exibido também para a PGR, a AGU e a delegada que conduz a investigação.
Sobre o caso, nesta segunda-feira deve ocorrer os depoimentos dos ministros Augusto Heleno (GSI), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).