O secretário nacional da Previdência, Rogério Marinho, economizou nas palavras ao tentar descrever o que vem ocorrendo em Brasília quando o assunto é a reforma: ruído na comunicação. A questão é muito mais difícil e complexa.
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De sexta-feira pra cá, veio à tona que o Congresso preparava um texto alternativo, o próprio líder do governo na Câmara afirmou que poderia endossar a proposta caso mantivesse a economia necessária estimada pelo governo, mas voltou atrás.
Na segunda-feira (20), todos desmentiram o tal do texto alternativo, de Marinho ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O que se fala agora é que possíveis alterações vão ser feitas a partir do projeto enviado pelo Planalto. Essa confusão demonstra o quão complicado está se chegar a um acordo sobre a reforma. A base do governo é fraca, não se entende entre si, e não consegue se articular para buscar os votos necessários para aprovar o texto. Enquanto isso o centrão faz o jogo no qual é mestre, se movimentar em busca de barganhas e poder.
Já o presidente Jair Bolsonaro perdeu uma bela oportunidade de defender o grande desafio de seu governo, ontem, durante o lançamento da campanha publicitária da reforma da Previdência. Sim, falou da importância de se aprovar o texto, mas sem uma defesa enfática. E, pior, no começo de seu discurso comentou que quem deveria estar ali era o ministro Paulo Guedes (Economia) o qual chamou de “o pai da criança”.
Como pedir a parlamentares que se empenhem em aprovar um assunto tão indigesto se o próprio presidente não assume a paternidade da reforma?
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E agora?
O entendimento é tão antagônico que interlocutores do Planalto acreditam que o Congresso aprova até quinta-feira a Medida Provisória da reforma administrativa. Já líderes e parlamentares ouvidos pela coluna reclamam que não há negociação nesse sentido, além de ter duas MPs trancando a pauta. O texto caduca no dia 3 de junho, o que faria, por exemplo, que a Esplanada voltasse a ter 29 ministérios.