Depois de 40 dias de transição, o presidente eleito Jair Bolsonaro deve definir as prioridades dos primeiros meses de governo em uma reunião com ministros, na quarta-feira. A missão dos 22 escolhidos para os cargos de primeiro escalão é trazer propostas detalhadas, que deverão ser apresentadas ao presidente eleito Jair Bolsonaro na sede da transição. Um encontro prévio entre os secretários-executivos e o ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS) debaterá os principais pontos.  

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Se o governo tiver juízo e ouvir a equipe econômica, encaminhará ao Congresso logo depois do Carnaval uma reforma da Previdência profunda e completa. Mas a articulação política ainda está insegura quanto à reação dos deputados diante de um assunto tão espinhoso logo no início de 2019. Em especial porque medidas duras de ajuste fiscal já estão no forno. Outra saída é começar o ano com as chamadas pautas de costumes, alinhadas ao perfil mais conservador, como a retomada do projeto Escola sem Partido.

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O pacote da segurança, preparado pelo futuro ministro Sergio Moro (Justiça) também está na lista. À coluna, Onyx afirmou que o presidente eleito baterá o martelo em breve. O ministro, no entanto, deu uma dica:  

– As grandes lutas do primeiro ano serão o combate ao déficit e a questão da segurança.   

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Os próximos dias serão decisivos para os rumos do futuro governo. Além dessa reunião com os ministros, Bolsonaro precisa resolver de uma vez por todas o impasse envolvendo o ex-motorista do filho. Fabrício de Queiróz poderá prestar depoimento ao Ministério Público, explicando a movimentação financeira suspeita.

Em um voto sobre a Lava-Jato, o ministro do STF Gilmar Mendes já comentou que “puxa-se uma pena, vem uma galinha”. Aliados do presidente temem que o mesmo efeito ocorra na enrolada história do motorista. Na sede da transição, ministros mais próximos do presidente têm certeza de que nada mais respingará em Bolsonaro e que, antes do Natal, tudo estará resolvido. O presidente eleito precisa mesmo desses esclarecimentos para tocar em frente. 

 

Centralização  

A intenção do presidente eleito também é revisar os principais nomes que forem encaminhados para o segundo escalão. Embora algumas indicações políticas já tenham sido feitas, a ideia é fugir do antigo hábito de atender diretamente os pedidos das bancadas, sem critérios técnicos.  

 

Temer no ato final  

O presidente Michel Temer não deixou para Bolsonaro o gostinho de assinar a extradição do italiano Cesare Battisti. Uma decisão que não surpreende. Os ministros da Justiça, Torquato Jardim, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, já haviam se manifestado a favor da decisão e estavam aguardando apenas pela decisão do Supremo Tribunal Federal. Momentos antes da divulgação da decisão, Temer e Bolsonaro se encontraram no lançamento do submarino Riachuelo.  

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Os motivos  

Apesar de ter o general Mourão como defensor, a senadora Ana Amélia Lemos (PP) nunca esteve perto de assumir um ministério. Interlocutores de Bolsonaro dizem que dois motivos enterraram a indicação: a dobradinha com Geraldo Alckmin e a decisão de não concorrer à reeleição para entrar na chapa tucana, o que detonou a candidatura de Luis Carlos Heinze (PP) ao governo do Rio Grande do Sul.  

 

Frase

Sou opositor, mas vejo uma série de aspectos potencialmente positivos – Roberto Magabeira Unger, ex-ministro petista sobre ações já anunciadas pela equipe de Jair Bolsonaro.

 

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