Diante de panelaços, críticas de aliados e alertas da ala militar, Jair Bolsonaro resolveu mudar de comportamento sobre a crise do coronavírus. Na primeira entrevista coletiva sobre a pandemia, ele se cercou de seus principais ministros em um esforço para demonstrar que o governo tem, sim, um plano de contingência. Ainda falta uma palavra mais firme do presidente da República à população neste momento de inéditas restrições.
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O que se avizinha é uma profunda crise econômica, resultado da paralisia do comércio e dos serviços, além da preocupação com o sistema de saúde. Bolsonaro, no entanto, dedicou boa parte da sua fala justificando o apoio às manifestações do último final de semana e anunciando um curioso panelaço a favor do governo.
A voz do bom senso, mais uma vez, ficou por conta do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, embora também ele tenha sucumbido ao discurso político do chefe. Debaixo de críticas dos bolsonaristas e cobranças do próprio presidente, Mandetta saiu menor do que entrou na coletiva. Era o que queria Bolsonaro.
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Do pacote apresentado, vale destacar as medidas preparadas pelo ministro Paulo Guedes (Economia). A prova de que não há nada de exagero ou histeria, é que Guedes abriu mão de seu maior dogma – a meta fiscal –, incluiu ações para beneficiar autônomos e a manutenção de empregos para funcionários de pequenas empresas. Alias, esse colchão social precisa ser uma das principais preocupações do governo daqui por diante.
O ultraliberalismo de Guedes deve dar lugar à forte presença do Estado. Para que tudo isso funcione, seria importante que o presidente da República assumisse o papel de liderança. A situação é tão grave que até Bolsonaro começa a cair na real.
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Teatro de máscaras
Pautada pelo improviso, a mesa do presidente e dos ministros usando máscaras é o retrato da República tomada pelo coronavírus. Além de um assessor de Bolsonaro e dois ministros com a doença, também o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, está com a covid-19.
Tudo começou com a falta de cuidados da comitiva presidencial que chegou dos Estados Unidos, porque nem todos guardaram resguardo. O uso de máscaras deu a impressão de um grande teatro. Para falar com os jornalistas, eles tiravam as máscaras, agindo distante de qualquer protocolo. A fala de Sergio Moro (Justiça) foi breve, mas ele também não aguentou ficar com a proteção.
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