Depois de concluir a escolha do primeiro escalão, Jair Bolsonaro abrirá as portas da transição para reuniões com os líderes dos partidos na Câmara. Uma das primeiras bancadas será a do MDB, na terça-feira, seguida do PR na quarta-feira. Isso significa que o próximo governo já caiu na real. Com uma pauta pesada pela frente, o presidente eleito depende de forte articulação junto ao Congresso para mobilizar os votos dos partidos aliados.
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Bolsonaro precisa dialogar e convencer os parlamentares da importância de matar no peito, logo nos primeiros meses de 2019, projetos impopulares. Apesar dos discursos de campanha, pouco mudou a cabeça dos políticos, incluindo de aliados do próximo governo. Os deputados não sabem exatamente quantos cargos de segundo e terceiro escalões sobrarão depois das mudanças na Esplanada, mas já fizeram um mapa prévio.
Se o PSL e a bancada evangélica podem pressionar abertamente o futuro presidente por cargos no governo, por que os demais deputados e senadores não fariam o mesmo? A pressão da bancada da bíblia para acomodar, ainda no primeiro escalão, representantes que não conseguiram se reeleger, como o senador Magno Malta (PR-ES), chega a ser constrangedora.
O MDB não se contentou com o Ministério da Cidadania e Ação Social e tentou emplacar também a continuidade na área de Minas e Energia. Mas, neste caso, o grupo que estava de olho na pasta era perigoso demais. Bolsonaro decidiu não arriscar e colocou mais uma vez um militar para cuidar da área, no caso, o almirante Bento Costa Lima Leite. Ao abrir a temporada de conversas com os líderes dos partidos na Câmara, Bolsonaro começa a deixar mais claro qual estilo de articulação política colocará na rua. E se conseguirá “mudar tudo o que está aí”, como repetiu inúmeras vezes na campanha.
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Privilégio
Sem pudor, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recorreu da decisão do ministro Luiz Fux, que acabou com o auxílio-moradia em troca do reajuste do STF. Ela defende o privilégio para o Ministério Público, esquecendo dos benefícios da ampliação do teto do funcionalismo.
Novo desenho
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM) sabia que assumir o cargo de ministro-extraordinário da transição não seria tarefa fácil, mas não esperava um fogo amigo tão violento. No novo desenho da Casa Civil, que será anunciado nos próximos dias, ele ficará responsável pela relação com o Congresso, enquanto o general Santos Cruz (Secretaria de Governo) cuidará da relação com Estados e municípios, mais o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
Caravana
Candidato à presidência da Câmara, o deputado Alceu Moreira (MDB) percorrerá os Estados em janeiro, aproveitando o recesso do Legislativo, para fazer campanha junto aos colegas. Consciente de que precisará também dos votos da oposição para enfrentar um eventual segundo turno, ele está mirando lideranças do PDT e do PSB. A expectativa é que esses partidos queiram firmar posição descolada do PT já na escolha do novo presidente da Casa.