Em uma mesma semana, o governo Bolsonaro decidiu exonerar o presidente do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e mudar o comando da Comissão de Mortos e Desaparecidos porque não gostou dos números e das informações apresentadas.
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O caso do Inpe é grave: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questiona os dados de desmatamento da Amazônia apresentados pelo instituto, como se os estudos não estivessem sob a responsabilidade de especialistas. E mais: não é preciso ser um expert no assunto para saber que madeireiros ilegais e grileiros se multiplicam pela região, e que a estrutura do Ibama é pequena para a fiscalização necessária.
Espancar os gráficos não vai resolver o desmatamento ou melhorar a imagem do Brasil no Exterior. Encarar o problema com maturidade e objetividade, sim, é a melhor maneira do Brasil enfrentar uma chaga, que não é exclusividade da atual administração.
No caso da Comissão de Mortos e Desaparecidos, o impasse aumentou depois da frase polêmica de Jair Bolsonaro sobre o pai do presidente da OAB. Afastada da presidência, a procuradora Eugênia Gonzaga Fávero alega retaliação. Filiado ao PSL e ex-assessor da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, o novo presidente, Marco Vinicius Pereira de Carvalho, garante que não haverá retrocessos, mas revisões. O que não se pode é ignorar a história ou desprezar a Ciência.
Para o espaço
Ao agradecer o trabalho do diretor do Inpe, Ricardo Magnus Osório Galvão, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, terminou a mensagem com sua tradicional saudação “abraços espaciais”. Na prática, Galvão foi mesmo mandado para o espaço pelo governo, após desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro que o acusou de mentir sobre os dados do desmatamento no Brasil.
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