A confirmação da saída do ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) do Planalto está longe de curar a ferida aberta na ala política do governo. Enquanto os militares ganham terreno e credibilidade no papel de mediadores, os campeões de votos na onda Bolsonarista expõem cada vez mais seus descontentamentos. A reação de parlamentares faz sentido. Se o presidente da República foi capaz de fritar o homem que esteve ao seu lado quando ninguém acreditava na vitória, o que poderá fazer com os outros?

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Nas redes sociais, a deputada eleita Janaína Paschoal cobrou Bolsonaro.

— Não tem cabimento um Presidente da República dizer que demitirá uma pessoa passados três dias. As admissões e demissões devem ser decididas e simplesmente comunicadas. Ademais, um líder precisa adotar critérios minimamente claros – disse, cobrando mesmo tratamento ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também suspeito de envolvimento com laranjas.

Ainda ministro, Bebianno passou o final de semana recluso, mas não em silêncio. A interlocutores, teria revelado arrependimento por acreditar em Bolsonaro. Articulador da campanha, ele guarda um arsenal de informações que pode expor ainda mais o governo.

Para contornar a crise, Bolsonaro terá de mostrar que, além de ter carregado dezenas de parlamentares na eleição, possui autoridade e respeito para debelar as insatisfações e mantê-los alinhados. Ao mesmo tempo, com a saída de Bebianno, precisará mostrar que não tem medo de fantasmas. Afinal, agora o ex-amigo de churrasco Fabrício Queiroz não estará sozinho.

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Emendada

Prevista para chegar ao Congresso na quarta-feira, a proposta de reforma da Previdência vai receber uma montanha de sugestões de mudanças. Para se ter uma ideia, a Medida Provisória lançada em janeiro para combater fraudes no sistema previdenciário recebeu 577 emendas. E o texto é bem menos amplo do que a reforma. A bancada do PSB, por exemplo, questiona itens da MP que dificultam a concessão de benefícios à população de baixa renda e a trabalhadores rurais