* Com Silvana Pires
Uma postagem de um deputado estadual catarinense indica que ainda temos muito a avançar no debate sobre o assédio contra mulheres. Ao criticar o movimento Não é não!, Jessé Lopes (PSL) não pensou duas vezes antes de afirmar: “Não sejamos hipócritas! Quem, seja homem ou mulher, não gosta de ser ‘assediado(a)’? Massageia o ego, mesmo que não se tenha interesse na pessoa que tomou a atitude”.
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Não, deputado, assédio não massageia o ego. É, sim, uma agressão, não para no elogio. Mesmo sendo rejeitado, o indivíduo se acha no direito de ir além, de beijar a força, de lançar uma mão boba, entre outras atitudes que somos obrigadas a enfrentar. Ainda mais no Carnaval, quando a bebida potencializa esse comportamento criminoso.
O mais preocupante é que essa não é a primeira vez em que o deputado sai com uma declaração estapafúrdia sobre o tema. Em maio, durante discussão de um projeto de lei de combate ao assédio sexual e à cultura do estupro, ele ousou afirmar que andar na rua com sainha, shortinho ou decote seria chamar atenção de estupradores e que as mulheres “saberiam os riscos que estão correndo”.
Na cabeça do parlamentar catarinense, a culpa de serem vítimas de um estupro é das mulheres, que “provocaram” os homens. Imagino familiares e vítimas de estupro lendo esse tipo de declaração, o quanto devem se sentir violadas novamente.
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Em época de Carnaval, temos de debater a questão do assédio sem cair nas armadilhas tradicionais. Lopes escreveu que quem critica o assédio são “mulheres frustradas” e com “inveja” por não serem assediadas. Não, deputado. São mulheres indignadas com esse tipo de comportamento, que incentiva outros homens a acharem que estão corretos. De um político eleito para defender homens e mulheres, o que menos se espera é uma declaração inconsequente que apenas ajuda a perpetuar um comportamento criminoso.
Mourão na Antártica
O vice-presidente Hamilton Mourão inaugura hoje as novas instalações da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base brasileira no continente. Mourão representa o presidente Jair Bolsonaro. Para recuperar a instalação, destruída por um incêndio em 2012, foram investidos cerca de R$ 400 milhões de reais.
Venezuelanos
O governo federal lançará um site especial sobre o trabalho de interiorização de venezuelanos. A ideia é unificar, em um só espaço, informações como ações e número de migrantes acolhidos. Uma parceria com a fundação Banco do Brasil irá permitir que sejam feitas doações para os refugiados via site.