*Por Silvana Pires

A flexibilização do uso de armas é uma das poucas promessas de campanha de Jair Bolsonaro e ele começa a cumprir o que defendeu. A medida está muito distante de ser política pública de segurança ou contribuição para o combate ao crime.

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Mas anima o bolsonarista que já começa a ficar indócil com a falta de ações práticas do Planalto. O decreto que tanto agrada às bancadas da bala e do boi, beneficiando integrantes de clubes de tiro e caçadores, é o que o presidente pode fazer, sem depender do Congresso.

No parlamento, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já deu sinais de que não pretende colocar em votação tão cedo o projeto que flexibiliza geral o Estatuto do Desarmamento. Autor da proposta, o deputado Peninha (MDB-SC) reconheceu à coluna que depois da tragédia de Suzano (SP) – quando dois atiradores assassinaram alunos em uma escola – ficava difícil retomar o debate.

Mas Bolsonaro embrulhou o assunto de outro jeito e voltou ao discurso original. Quanto a medidas concretas de combate à criminalidade, o superministro Sergio Moro (Justiça) ainda não conseguiu colocá-las de pé.

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O pacote anticrime dormita no Senado – por má vontade dos parlamentares – e as reuniões com governadores, por enquanto, não passaram da política de boas intenções.

Resumo da ópera até aqui: teremos mais armas nas ruas. A crise dos presídios, a falta de policiais, as fronteiras desguarnecidas, tudo continua como antes.

Lições para o futuro

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, erra o alvo ao criticar o investimento na área de humanas nas universidades. A pesquisa dos cursos de sociologia ou filosofia pode ser mais efetiva, mas jamais eliminada. O profissional do futuro terá que ter a habilidade de fazer conexões, analisar cenários, se relacionar. Se o ministério abrir as portas para o diálogo com a academia será bem mais produtivo.

Desagravo

Pelo menos 15 senadores usaram a tribuna do Senado para falar em defesa do general Villas Bôas, que vem sofrendo ataques de Olavo de Carvalho, ex-astrólogo e guru político do presidente Jair Bolsonaro. Os senadores ainda assinaram um ato de desagravo em favor do ex-comandante do Exército.

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O catarinense Esperidião Amin (PP) contou à coluna que o assunto também foi tema da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, e que lá destacou o espírito democrata do general.

Sobre Olavo de Carvalho, Amin lembrou um ditado que ouvia quando era criança: 

— Quem faz cartaz e trouxa é lavadeira. Nunca se deve falar nome de sacana.

Frase

O Olavo é dono do seu nariz. Como eu sou do meu e você é do seu. Então, liberdade de expressão.

Do presidente Jair Bolsonaro ao ser questionado sobre as críticas feitas por Olavo de Carvalho ao general Villas Bôas