Apesar do discurso da austeridade fiscal ter tomado conta do debate neste ano, há autoridades em Brasília que continuam descoladas da realidade. O ano termina com o movimento no Congresso para o absurdo aumento da verba prevista para o fundo eleitoral – de R$ 2 bilhões para R$ 3,8 bilhões – com o Tribunal de Contas da União (TCU) dando sinais de desprezo à necessidade de economia da verba pública.
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Em um claro sinal de corporativismo de elite, os ministros do TCU autorizaram as compras de produtos de luxo para eventos no STF, de lagostas a vinhos com pelo menos quatro premiações. A ação no tribunal de contas foi motivada por uma representação do Ministério Público, diante do seguinte argumento: o cardápio contempla gêneros alimentícios e bebidas que contrastam com a condição geral da população e com a crise econômica.
Alguma dúvida? A conclusão do TCU é que se houver duas altas autoridades no evento, os acepipes estão valendo. Isso sem falar em viagens e diárias de ministros do TCU para o Exterior sem qualquer comprovação de resultado prático à população. É óbvio que os almoços e jantares do STF não são os responsáveis pela crise fiscal. Mas é simbólico.
Enquanto o país vive a marca de 13 milhões de desempregados, e governadores enfrentam desgaste para apertar o cinto dos gastos com funcionalismo, as excelências ignoram os novos tempos.
Madrinha do social
A Casa Civil voltou a dedicar a manhã de sexta-feira a reuniões sobre a criação ou ampliação de programas sociais no governo Bolsonaro. Madrinha do Pátria Cidadã, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, conversou com o ministro Onyx Lorenzoni sobre a ampliação do projeto.
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Neste pacote, o Ministério da Cidadania trabalha em mudanças no Bolsa Família para 2020. A proposta é criar novas faixas para as famílias mais pobres (benefício cidadania), primeira infância e jovens.
Ideia fixa
Para desgrudar o Bolsa Família da imagem dos governos petistas, o Ministério da Cidadania volta a estudar a troca de nome do programa.
Essa ideia não é nova. No governo Temer, a equipe do ministro Osmar Terra chegou a pensar em substituir para Bolsa Dignidade. Não colou.
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