A medida provisória que destinou recursos das loterias para a segurança corre o risco de ser desfigurada ou enterrada pelos deputados federais com o apoio de atletas e artistas. Na ânsia de anabolizar uma pauta positiva, um dia antes de reunir chefes de polícia de todo o país na capital federal, o governo anunciou um fundo formado com recursos das loterias para investir em segurança. Seria motivo de grande comemoração, se o fundo não estivesse sugando verbas de outras áreas, como Esporte e Cultura.  Uma ação que conseguiu unir grandes nomes do mundo esportivo e cultural em uma cruzada contra a MP.  Sobrou para o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, aumentar o tom contra o próprio governo:

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– Cortar recursos da cultura em tempos de crise é uma postura burra.

Na sequência, o ministro emendou, dizendo que não se referia ao corte do dinheiro das loterias. Isso porque está tentando negociar a recuperação das verbas. Quem sabe, diminuindo o valor dos prêmios das loterias. E também porque ministro que chama o próprio governo de burro, mesmo por tabela, está pedindo para ser demitido. Aliás, esse é o clima em Brasília: de fim de festa. Ministros de fora do Palácio do Planalto já não se empenham na defesa do governo, assessores dão demonstrações de que já jogaram a toalha.

 

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No caso da MP do fundo da segurança, parece que o governo perdeu a mão na área que sempre nadou de braçada: a articulação política. Ministros das duas pastas prejudicadas, técnicos e parlamentares aliados não foram chamados para conversar e tentar encontrar uma saída negociada. Integrante da Comissão do Esporte na Câmara e ex-campeão Mundial de Judô, João Derly (Rede) sentencia:

– A MP arrebenta com o esporte brasileiro.

O principal argumento do deputado é que a medida retira R$ 500 milhões do esporte, verba que faz falta para jovens atletas, mas que não resolve os problemas da segurança. Somente para a intervenção no Rio de Janeiro foram direcionados 

R$ 2 bilhões e, após quatro meses, a situação ainda é bastante crítica.

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