Por trás do que parece mais uma frase alucinada dos Bolsonaro há uma tentativa de estratégia de poder. Com o apoio de militares palacianos, a família Bolsonaro quer alimentar na sua militância mais apaixonada o medo de uma eventual ameaça de esquerda, com movimentos de rua como o que ocorreu no Chile. É óbvio que  não se dão ao trabalho de contextualizar os problemas econômicos e sociais que enfrentam os chilenos.

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O que vale é tocar o terror. Teoria da conspiração que serve de escudo para que a família se proteja de eventuais ataques e revelações de ex-aliados, como Fabrício Queiroz, Gustavo Bebianno e até Joice Hasselmann.

Defender a volta de um instrumento de eliminação de direitos e tortura como o AI-5, um golpe dentro do golpe de 64, é algo tão fora de propósito que merecia ser ignorado. Mas, como diz o ex-ministro do STJ Gilson Dipp, chega de passar a mão na cabeça da prole presidencial ou de aceitar manifestações que contrariam a Constituição.

Fizeram bem os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre,  ao rechaçar a declaração e defender até mesmo a punição do deputado.

Eduardo conseguiu o que parecia impossível: uniu de partidos de direita e esquerda, do Judiciário à federação dos prefeitos, todos em uníssono contra qualquer ameaça aos valores democráticos.

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Em meio a toda essa confusão, quem estava atônita era a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Envolvidos na conclusão do pacote que será encaminhado na próxima semana, desanimaram diante da contribuição do filho do presidente à instabilidade política. 

Morde e assopra

Em menos de uma semana, a família Bolsonaro pediu desculpas duas vezes. A primeira no caso do vídeo das hienas quando o próprio presidente reconheceu o erro e ontem no final da tarde, depois de muito desgaste, foi a vez de Eduardo.

Na Câmara e no Palácio, aliados do presidente encaram essas manifestações dentro da estratégia morde e assopra. Até as pedras da Praça dos Três Poderes sabem que, na política, os filhos nada fazem sem autorização do pai.

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