A equipe econômica e o Planalto estão batendo cabeça quanto às medidas emergenciais que precisam ser lançadas na tentativa de minimizar os efeitos do coronavírus na economia. Se o país já não estava crescendo, agora, com a paralisação das atividades locais e a crise mundial, o cenário é gravíssimo.
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Acostumado a seguir a cartilha liberal, o ministro da Economia não tem um plano com início, meio e fim para enfrentar a pandemia. E o improviso está se revelando uma catástrofe. Além de demorar a reagir, Paulo Guedes queimou a largada com a edição de uma Medida Provisória equivocada.
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Permitir a suspensão de contratos e salários por quatro meses, sem apresentar a contrapartida de um colchão social, foi um erro, além de falta de sensibilidade social e política. É óbvio que seria judicializado e que jamais passaria no Congresso.
Pressionado pelos próprios aliados, Bolsonaro recuou. A impopularidade começa a bater à porta do presidente da República, como nunca havia ocorrido nestes 14 meses de governo. Como resposta, ele realizou a primeira videoconferência com governadores, desde que o problema começou.
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Vale lembrar que o Ministério da Saúde vem se preparando para o atual momento desde janeiro. Acostumado a declarar guerra contra moinhos de vento, agora Bolsonaro tem um inimigo real. E precisa, mais do que nunca, daquele que apelidou de "Posto Ipiranga".
Faz de conta
Em guerra com governadores desde fevereiro, quando os desafiou a zerar o ICMS dos combustíveis, Bolsonaro teve nesta segunda-feira (23) reunião com os representantes do Norte e Nordeste. No pacote prometido, acenou com o que chamou de soluções permanentes, como o Plano Mansueto e a PEC emergencial, e a liberação de R$ 88,2 bilhões. Só esqueceu que até o início da pandemia, o Planalto não mexeu uma palha para aprovar as medidas no Congresso.
Sensibilidade
Se a crise fiscal não sensibilizou os poderes a enxugarem privilégios, a pandemia do coronavírus é um motivo mais do que suficiente. A presidência da Câmara já reconhece possibilidade de corte no salário dos parlamentares, por exemplo. Proposta do deputado Alceu Moreira (MDB) é de redução de até 25% nos mais altos vencimentos do Executivo, Legislativo e Judiciário. Quem se habilita?