No balanço do ano, o presidente Jair Bolsonaro ficou com uma grande dívida: o governo não tem uma política clara para a educação. Uma comissão externa criada pela Câmara concluiu que o ano foi perdido nesta área. Governistas podem até argumentar que os integrantes da comissão são deputados de oposição, como Tabata Amaral (PDT-SP). Vale lembrar que a pedetista não é radical e votou com o governo em temas relevantes, como a reforma da Previdência. Ela é apenas sensata.
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O Ministério da Educação (MEC) teve dois ministros que mais se dedicaram às bravatas do que a ações concretas. Nesse caso, a guerra ideológica ocupou tanto tempo e espaço que faltou um plano de trabalho claro para resolver até as metas estabelecidas pela própria Casa Civil, como a melhoria na alfabetização.
A militância bolsonarista pode até vibrar quando o ministro Abraham Weintraub acusa universidades federais de cultivarem maconha e praticarem balbúrdia. Não é isso que vai ajudar a resolver a evasão escolar ou o atraso no ensino de matemática e português.
Também é verdade que a culpa da crise não é do presidente Bolsonaro. Governos anteriores fomentaram o atual caos. Mas a desculpa da herança maldita tem limite. Assim como falácias que só desviam a atenção. Escola sem partido e a guerra da questão de gênero tangenciam o real problema: falta de estrutura e de valorização dos professores, além de um projeto da União em parceria com estados e municípios.
No próximo ano, as escolas cívico-militares começam a funcionar. Essa é a única inciativa prática do MEC neste ano, com tudo para dar certo. Mas são experiências pontuais e não uma política de estado. O governo Bolsonaro tem ilhas de excelência, como os ministérios da Infraestrutura, da Economia e da Agricultura. Por que não estender a mesma atenção ao MEC?
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Preservação
O ministro da Justiça, Sergio Moro, encerra o ano fazendo contatos com parlamentares para preservar o pacote anticrime. Ele conversou com o senador Jorginho Mello (PL), pedindo um esforço especial para que os vetos do presidente Bolsonaro ao texto da lei não sejam derrubados pelo parlamento. Tudo vai depender do momento político no retorno do recesso parlamentar.
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