O mês de maio é conhecido como “maio laranja” pois une ações de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. E 18 maio, o dia nacional de combate a essa violência.

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Esse dia foi escolhido porque em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória, no Espírito Santo, um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Ela tinha apenas oito anos de idade, quando foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade. O crime até hoje está impune. Para conversar sobre esse assunto tão importante, convidei a médica Pediatra Doutora Tatiana Lemos.

Infelizmente todos os dias ainda acontecem casos, e os dados mostram que a maioria das ocorrências é dentro dos lares, sendo os agressores os próprios familiares ou pessoas do convívio da criança.

A maioria dos agressores sexuais são homens adultos, mas mulheres e adolescentes também violentam. Quando menores, os meninos são os mais atingidos (estatisticamente), e conforme crescem, as meninas são os maiores alvos.

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De mãos rendidas e caladas a maioria delas suporta silenciosamente até por anos e as marcas levam por toda a sua vida, no corpo e na alma. Com medo não denunciam, aliciadas e seduzidas em sua inocência abrem as portas de um mundo que ainda não é seu, da sexualidade.

O medo, a vergonha, a culpa, e a impunidade ainda são grandes desafios que levam ao silêncio e à subnotificação dos casos.

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Por isso precisamos estar atentos a alguns sinais importantes que podem indicar que seu filho, vizinho, aluno, paciente esteja sofrendo abuso sexual.

Mudanças de comportamento

O primeiro sinal é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança, como alterações de humor entre retraimento e extroversão, agressividade repentina, vergonha excessiva, medo ou pânico. Essa alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada. Em algumas situações a mudança de comportamento é em relação a uma pessoa ou a uma atividade em específico.

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Proximidades excessivas

A violência costuma ser praticada por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a confiança e oferecer presentes, fazendo com que ela se cale.

Comportamentos infantis repentinos

É importante observar as características de relacionamento social da criança. Se o jovem voltar a ter comportamentos infantis, os quais já abandonou anteriormente, é um indicativo de que

algo esteja errado. A criança e o adolescente sempre avisam, mas na maioria das vezes não de forma verbal. Pode haver enurese noturna (perda de xixi durante o sono) e encoprese (perda de fezes) em crianças que anteriormente já tinham controle dos esfíncteres.

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Silêncio predominante

Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e mental, além de chantagens. É normal também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma boa relação com a vítima. É essencial explicar à criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas de confiança, como o pai e a mãe, por exemplo.

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Mudanças de hábito súbitas

Uma criança vítima de violência, abuso ou exploração também apresenta alterações de hábito repentinas. O sono, falta de concentração, aparência descuidada, entre outros, são indicativos de que algo está errado.

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Comportamentos sexuais

Crianças que apresentam um interesse por questões sexuais ou que façam brincadeiras de cunho sexual e usam palavras ou desenhos que se referem às partes íntimas podem estar indicando uma situação de abuso.

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Traumatismos físicos

Os vestígios mais óbvios de violência sexual em menores de idade são questões físicas como marcas de agressão, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Essas são as principais manifestações que podem ser usadas como provas à Justiça.

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Enfermidades psicossomáticas

Unidas aos traumatismos físicos, enfermidades psicossomáticas também podem ser sinais de abuso. São problemas de saúde, sem aparente causa clínica, como dor de cabeça, erupções na pele, vômitos e dificuldades digestivas, que na realidade têm fundo psicológico e emocional.

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Negligência

Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Uma criança que passa horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família estará em situação de maior vulnerabilidade.

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Frequência escolar

Observar queda injustificada na frequência escolar ou baixo rendimento causado por dificuldade de concentração e aprendizagem. Outro ponto a estar atento é a pouca participação em atividades escolares e a tendência de isolamento social.

Neste momento de pandemia a situação é mais preocupante, pois ausentes do convívio presencial escolar, muitas crianças acabam permanecendo reclusas ao seu local de violência. Por isso, se houver a suspeita de que uma criança ou adolescente esteja sendo vitima de abuso sexual, ligue gratuitamente no dique 100, ou procure o conselho tutelar ou a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idos (DPCAMI) do seu município refere doutora Tati.

Juntos por uma infância protegida, somos sua voz.

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