Você utiliza potes, copos e canudos plástico? Seu filho tem brinquedos, utiliza mamadeira ou chupeta de plástico? Comem alimentos que contêm agrotóxicos? Pois é, diariamente estamos expostos a diversas substâncias químicas não naturais que interferem na ação hormonal do nosso organismo sem nem ao menos nos darmos conta. Presentes principalmente no plástico, mas também parte da composição de pesticidas e produtos eletrônicos, os disruptores endócrinos estão cada vez mais intoxicando a população.
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E para falar mais sobre isso, na coluna de hoje convidei a médica endócrino pediátrica Jéssica Mallmann Erbes, para explicar mais sobre os disruptores endócrinos, que são substâncias químicas não naturais ou misturas delas que interferem em nossos hormônios, que por sua vez, são substâncias químicas naturais produzidas por glândulas do nosso corpo e que atuam regulando nosso metabolismo, crescimento, sistema reprodutivo, ossos e sono. Para que nosso organismo funcione adequadamente precisamos da ação equilibrada dos hormônios, explica Jéssica.
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O fato é que a compreensão sobre os possíveis impactos dos disruptores endócrinos sobre nossa saúde tem crescido nos últimos anos, mas estamos longe de saber tudo que essas substâncias podem causar. Em 2014, a Endocrine Society, maior organização do mundo dedicada a pesquisa em hormônios, em conjunto com a International Pollutants Elimination Network (IPEN), organização internacional dedicada a eliminação de poluentes, elaboraram um guia sobre disruptores endócrinos que foi publicado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Essas substâncias já foram detectadas no sangue, urina, tecido adiposo e até no cordão umbilical e placenta de seres humanos. A crescente produção e utilização desses produtos químicos provavelmente está relacionado também ao aumento de doenças endócrinas como puberdade precoce, problemas reprodutivos, além de leucemia, câncer cerebral e distúrbios comportamentais.
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Onde encontramos os disruptores endócrinos?
– Em pesticidas utilizados na agricultura encontramos DDT, clorpirifós, atrazina, glifosato.
– Em produtos infantis, incluindo brinquedos de plástico, podemos ter chumbo, ftalatos, cádmio.
– Em recipientes de alimentos, bisfenol A (BPA), ftalatos, fenol.
– No material eletrônico e de construção, retardadores de chama e PCD.
– Nos produtos de higiene os ftalatos.
– Nas roupas, perfluoroquímicos.
Como evitar o contato com essas substâncias?
Algumas exposições são difíceis de controlar, como aquelas que ocorrem pelos materiais eletrônicos e de construção, por exemplo. Mas podemos escolher quais produtos levamos para dentro da nossa casa. Temos que pensar que quanto mais próximo do nosso corpo, maior é o risco dessas substâncias trazerem efeitos negativos.
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Como evitar os disruptores endócrinos na alimentação?
Então, um bom início é escolher, sempre que possível, alimentos orgânicos, que são livres de agrotóxicos. Os ultraprocessados (bolachas industrializadas, salgadinhos, refrigerantes e sucos artificiais) devem ser evitados, já que no processo de fabricação entram em contato com muitas substâncias químicas, embalagens e nem sempre sabemos todas as substâncias que estamos ingerindo.
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Outro fator importante é avaliar a embalagem. O plástico deve ser evitado sempre que possível, é não deve ser exposto a temperaturas extremas, você não deve congelar ou aquecer alimentos em embalagens plásticas. É importante verificar o tipo de plástico, checando o número que aparece junto ao símbolo de reciclável, devemos evitar principalmente o número 3 e 7, que contêm BPA.
Como deixar as crianças longe dos disruptores endócrinos?
Devemos ter cuidado na escolha dos brinquedos das crianças, já que, principalmente quando são pequenas, colocam estes objetos na boca com frequência. Preferir brinquedos feitos de madeira e tecidos é uma boa opção. Infelizmente, mesmo escolhendo produtos que não contenham disruptores endócrinos em sua composição, estamos expostos a eles todos os dias: pela contaminação da água, do solo e até mesmo do ar que é gerada por sua produção e consumo, refere a Dra. Jéssica.
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Então famílias, para diminuirmos esta exposição, são necessárias ações conjuntas entre população, empresas, orgãos públicos e profissionais de saúde para que o uso dessas substâncias seja diminuído. Até lá, proteja a sua família sempre que possível e faça escolhas conscientes!
Vamos cuidar da nossa saúde! O corpo agradece!