Texto: Cristian Edel Weiss | Arte e visualização dos dados: Maiara Santos

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Como conquistar uma mulher? Esta pergunta vai martelar na mente da maioria dos candidatos ao governo do Estado até o dia da eleição. Elas representam a maior parte da população catarinense e a maior fatia do eleitorado de Santa Catarina. São razões mais do que suficientes para os candidatos a governador do Estado se esforçarem para garantir a atenção de cada uma delas.

Dos 5.070.212 aptos a votar em 7 de outubro, 51,5% são mulheres. A proporção é levemente maior do que há quatro anos, quando representavam 51,3%.

 

 

Mulheres são mais indecisas

E o ponto de partida é desigual, conforme as duas primeiras pesquisas Ibope para apurar as intenções de voto em Santa Catarina, contratadas pela NSC, entre 14 a 16 de agosto e entre 18 a 20 de setembro.

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Primeiro, porque elas estão mais indecisas ou inclinadas a anular o voto. Na primeira pesquisa, enquanto 33% dos homens declaram votar em branco ou nulo, 34% mulheres responderam da mesma forma.

Já na segunda, os índices caíram, mas o eleitorado feminino continua numericamente à frente: 18% delas pretendem anular o voto, diante de 13% deles, embora possa representar empata, se considerar a margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Mas quando o quesito é ainda não saber em quem votar ou preferir não responder, elas representam quase o dobro. Conforme a pesquisa mais recente, 24% são mulheres e 14% são homens (veja no gráfico abaixo).

 

 

Segundo, porque a própria plataforma de aspirantes ao governo é predominantemente masculina: dos 18 candidatos a governador e a vice, há apenas uma mulher na cabeça da chapa, Ingrid Assis (PSTU), e três como vice: Regina Santos (Rede), Carol Belaguarda (PCB) e Daniela Reinehr (PSL).

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Os melhores colocados fazem as pazes com as mulheres

Entre os três candidatos mais bem posicionados na pesquisa Ibope – Décio Lima (PT), Mauro Mariani (MDB) e Gelson Merisio (PSD) –, Merisio apresenta a maior disparidade entre as intenções de voto de homens e mulheres. Décio tem diferença menor e Mariani praticamente iguala a preferência entre os gêneros.

 

 

Mas não foi sempre assim. Todos tiveram avanço em relação à primeira pesquisa. No levantamento de agosto, Merisio tinha, para cada voto feminino, quase dois masculinos. Proporção similar a que apresentava Décio Lima. Na pesquisa divulgada na sexta-feira, Mariani ampliou o equilíbrio entre as intenções de voto dos gêneros.

 

 

Já o único candidato que não pontuou com as mulheres no segundo levantamento foi Rogério Portanova (Rede). Leonel Camasão (PSOL), que não tinha pontuado com o eleitorado feminino na pesquisa de agosto, tem agora intenções equilibradas de voto entre os gêneros.

 

 

Quem elas preferem

Na segunda pesquisa Ibope, apenas Ângelo Castro (PCO) apresenta numericamente maioria feminina. No primeiro levantamento, era Ingrid Assis (PSTU). Na mais recente, ela, Camasão e Jessé Pereira (Patriota) estão equilibrados.

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Indecisão em todas as vagas para o Senado

O eleitorado feminino também é o mais indeciso em relação às duas vagas para o Senado. Enquanto 53% das mulheres ainda não escolheram o candidato, 41% são homens nessa condição.

 

 

Por outro lado, os candidatos a senador são os que apresentam maior equilíbrio nas intenções de voto entre os gêneros. Tecnicamente empatados na liderança, Espiridião Amin (PP) e Raimundo Colombo (PSD) têm 47,5% e 48,1% das intenções de voto femininas, respectivamente.

 

 

Presidência da República deixa mais dúvidas

É na eleição presidencial onde pairam mais dúvidas do eleitorado feminino catarinense, segundo a pesquisa Ibope. Para cada indeciso masculino, a proporção é de quase cinco mulheres. Com intenção de votar em branco ou nulo são 13% de mulheres contra 8% de homens.

 

 

Além disso, os dois candidatos numericamente à frente nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), tem expressiva vantagem do eleitorado masculino, enquanto os demais candidatos apresentam menor disparidade.

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Preferência nacional

A indecisão das mulheres pelo rol de candidatos neste pleito é um reflexo do que é visto no Brasil nas eleições para a Presidência da República.

A falta de propostas ligadas às mulheres e, principalmente, ao combate de violência contra a mulher também endossa esse quadro. Segundo análise do Observatório das Eleições, ligado ao Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, dos 13 candidatos a presidente, pelo menos cinco não mencionam ou citam apenas uma vez a palavra “mulher” nos planos de governo.

Estamos a 12 dias das eleições. Isso se acirrou mais agora porque ainda temos uma campanha de velha política. Há um grande desencanto. Sérgio Saturnino Januário, cientista social e mestre em Sociologia Política

Para o cientista social e mestre em Sociologia Política Sérgio Saturnino Januário, da Exitus Comunicação e Pesquisa, as explicações por trás da maior indecisão feminina passam por um conjunto entre o descrédito na política como um tudo e pelo fato histórico de as mulheres demorarem mais para definir o voto.

– Estamos a 12 dias das eleições. Em anos anteriores, nesta época, teríamos em torno de 10% de indecisos. Hoje é superior a 20%. Isso se acirrou mais agora porque ainda temos uma campanha de velha política, com candidatos fazendo vídeos emocionais num primeiro momento, depois demonstrando força política e só na terceira etapa pedindo os votos. As pessoas não estão mais interessadas nisso porque não é mais uma campanha de solução. Há um grande desencanto – contextualiza o especialista em comportamento eleitoral.

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Saturnino acrescenta ao fato das mulheres se manterem indecisas o ambiente da política nacional e local ainda muito masculinizado, com alguns candidatos apresentando posturas ligadas ao machismo. Pondera, entretanto, que apenas ter mais mulheres candidatas não tornaria o cenário tão diferente, já que historicamente as eleitoras não apresentam compromisso de gênero na hora de votar.

Para conquistar uma mulher, também no voto, é preciso dar mais atenção.

Ficha técnica das pesquisas do Ibope

Período da pesquisa: 18 a 20 de setembro
Tamanho da amostra: 812 eleitores entrevistados em 47 municípios
Solicitante: NSC COMUNICAÇÃO
Margem de erro: máxima de 3 pontos percentuais para mais ou para menos
Nível de confiança: 95%
Registro: no TRE-SC sob o número  SC-05212/2018 e no TSE sob o número  BR06196/2018.

Período da pesquisa: 14 a 16 de agosto
Tamanho da amostra: 812 eleitores entrevistados em 46 municípios
Solicitante: NSC COMUNICAÇÃO
Margem de erro: máxima de 3 pontos percentuais para mais ou para menos
Nível de confiança: 95%
Registro: no TRE-SC sob o número SC-09381/2018 e no TSE sob o número BR-09360/2018.

Baixe os dados

Clique aqui para conferir a base completa que deu origem aos gráficos.

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