Texto: Cristian Edel Weiss | Arte e visualização dos dados: Maiara Santos

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Na eleição em que muitos eleitores se declaram desiludidos com a classe política, os índices de votos nulos e abstenções no primeiro turno atingiram patamar relevante em Santa Catarina. Em 148 cidades, o índice de eleitores aptos a votar que não compareceram às urnas em 7 de outubro foi superior à média do Estado, de 16,3%. O número representa mais da metade das cidades catarinenses.

Em outras 98, a taxa de eleitores que optaram por votar em branco ou nulo para governador foi maior do que o índice estadual, de 15%. Confira a seguir os destaques:

Eleitores faltosos

Em pelo menos seis cidades, um em cada quatro eleitores não compareceu às urnas no primeiro turno. O maior índice foi de Calmon, no Meio-Oeste, onde 27,97% faltaram à votação. O município é seguido por Anita Garibaldi (26,94%), Dionísio Cerqueira (26,33%), Matos Costa (26,09%), Santa Cecília (25,67%) e Abelardo Luz (25,53%). De modo geral, os maiores índices se concentram no Meio-Oeste, na Serra e no Planalto Norte. O Litoral Sul e o Litoral Norte também chamam atenção pelos índices mais altos do que a média.

Guabiruba, no Vale do Itajaí, e Ermo, no Sul do Estado, tiveram o maior comparecimento às urnas: apenas 6,33% e 6,35% de abstenção, respectivamente.

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A média do Estado foi de 16,3%. Este foi o segundo maior índice de faltas no primeiro turno das eleições gerais no Estado desde a eleição de 1989, a primeira após a redemocratização. Menor apenas do que no primeiro turno de 2014 (16,41%) e o mesmo índice de 1998.

Apesar da marca, a taxa estadual é menor do que a brasileira, que ficou em 20,33%. Mas, tradicionalmente em Santa Catarina, a abstenção sobe nos segundos turnos e tende a ser maior também neste domingo.

Votos nulos para governador

Com 15% de soma de votos brancos e nulos, o índice é o segundo maior desde 1998 para o cargo de governador. Fica atrás apenas do primeiro turno de 2014 (15,4%), decidida no primeiro turno a favor de Raimundo Colombo (PSD). Ainda assim, é o dobro de eleições que tiveram segundo turno. Em 2002 e 2006, por exemplo, tinham 7,51% e 8,74%, respectivamente, na primeira etapa.

Desta vez, as cidades com maior índice de votos nulos e brancos para o cargo ficam no Planalto Norte, Meio-Oeste e Oeste. Decidiram anular os votos um em cada cinco eleitores de Mafra (21,3%), Videira (20,29%), Itapoá (20,21%) e Capinzal (20,12%).

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Já o menor índice foi de Arvoredo, onde apenas 5,38% dos eleitores invalidaram o voto.

Votos nulos para senador

Historicamente o cargo com maior índice de votos nulos e brancos, a votação para senador teve taxa de 22,94% de invalidações. É a segunda maior taxa desde 1994, também ficando atrás apenas de 2014 (24,71%).

Em Mafra e Itapoá, ambas no Planalto Norte, quase um em cada três eleitores anularam o voto, com taxas de 30,54% 3 30,23%, respectivamente. E sobe 38 municípios o número de municípios onde pelo menos um em cada cinco pessoas decidiram invalidar o voto para senador.

Novamente, fora da curva está apenas a cidade de Arvoredo, onde 9,36% apenas anularam os votos.

Votos nulos para deputado federal

Atingindo quase o mesmo patamar de brancos e nulos de 2014 (16,44%), o primeiro turno deste ano registrou 16,34% de votos anulados para o cargo de deputado federal. Os principais índices foram observados no Oeste, no Meio-Oeste, na Serra e no Planalto Norte.

Lajeado Grande, no Oeste, teve 39,93% de votos nessa condição. Pinhalzinho, da mesma região, teve 38,33%. Já Entre Rios, no Oeste, e Abdon Batista, no Meio-Oeste, foram os mais engajados: tiveram apenas 6,61% e 6,63% respectivamente.

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Votos nulos para deputado estadual

Com a menor taxa de votos nulos e brancos entre os cargos legislativos desde 1994 em Santa Catarina, a escolha de deputados estaduais novamente registrou índice baixo, de 13,63%. No entanto, é o maior desde 2002 e segue tendência de alta.

Neste ano, as maiores concentrações de votos desse tipo ficaram no Planalto Norte e no Alto Vale do Itajaí. Com destaque para a microrregião de Rio do Sul, onde fica Lontras, que registrou 37,79% dos vodos invalidados, o maior índice do Estado.

Vargem, no Meio-Oeste, e São Ludgero, no Sul, tiveram as taxas mais baixas: 4,75% e 4,76%, respectivamente.

Participação cai no segundo turno, mas votos válidos aumentam

De modo geral, Arvoredo se destaca pela convicção dos eleitores, já que na maioria dos cargos têm a menor ou está entre as cinco menores taxas de votos anulados. Guabiruba chama a atenção pela baixa taxa de abstenção.

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Ao longo dos anos, a taxa de votos nulos e brancos para cargos do legislativo, como senadores, deputados federais e deputados estaduais, vem caindo. Em 1990, por exemplo, chegava a 43% o número de votos anulados para deputado federal. Neste ano, ficou em 16,34% para o mesmo cargo. Mas segue em alta desde 2002, quando beirava os 7%. Desde 1998, a maior rejeição tem sido para o cargo de senador. Quase 23% anularam os votos neste ano.

O segundo turno tradicionalmente apresenta no Estado taxas maiores de abstenção, mas na maioria dos casos teve menos votos brancos e nulos. Para os cargos de presidente e governador, a exceção a essa regra foi em 2006, quando as taxas de votos anulados foram maiores no segundo round.

Por isso, não será surpresa neste domingo se houver mais faltantes ao mesmo tempo em que devem surgir votos mais convictos entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência e entre Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD) para o governo do Estado.

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