Lourenço Rodrigues de Andrade foi o primeiro manézinho que se apresentou ao mundo como tal. Muito antes de Guga Kuerten. Nativo da Ilha, era vigário da paróquia de Santo Antônio de Lisboa e acabou eleito deputado para representar a província de Santa Catarina na Assembleia Constituinte de Portugal. Fez sucesso e não passou despercebido no Palácio das Necessidades, em Lisboa. Simplesmente porque se apresentou a caráter. Vestido de padre? Não. Vestido de manézinho!
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Os trajes rústicos de linho artesanal do nosso conterrâneo chamaram atenção. O objetivo era esse mesmo. Chamar atenção. Contra a proibição de instalar fábricas de tecidos no Brasil. Entendia de religião, de economia e de marketing. Mas quem fazia as roupas do padre? As manezinhas. Sabem de qual planta as manezinhas de antigamente fiavam o linho das roupas do padre e de todas os manezinhos da Ilha? Do cânhamo. Nome científico Cannabis Ruderalis
Isso mesmo: cannabis! A popular maconha.
Há 200 anos, quando os guarás vermelhos eram comuns nos mangues do Estado, as roças de cannabis estavam entre as mais populares da Ilha de Santa Catarina. O cânhamo também é conhecido como o primo careta da maconha. Se fumada, a erva não chapa, não serve como droga recreativa. Mas tem alta concentração de CBD, a substância da cannabis que tem mais utilidade medicinal. E que terça-feira foi liberada pela ANVISA no Brasil. Dava na Ilha mais que tainha no mar.

Essa e outras estão no livro "Jerônimo Coelho", uma biografia quase completa desse lagunense ilustre, que outro lagunense, o professor Norberto Ungaretti, deixou no computador, sem cópia de segurança, quando faleceu cinco anos atrás. Obra muito esperada, foi lançada ontem ontem quarta-feira 4, no Cine Mussi, em Laguna.
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