Ao ouvir você falar, com entusiasmo, das belezas e competência turística de Kazan, na Rússia, fico a imaginar, em nível de potencial, a razão pela qual Florianópolis continua hibernando em um cenário retrógrado, onde a gestão pública sequer tem olhar para os seus rios, como o rio Papaquara, que acaba lançando, através do rio do Brás, excrementos na praia dos Hermanos, Canasvieiras.
Kazan, pertencente a um país comunista, atrai mais investimentos privados e por quê? Primeiro que é uma cidade que se planejou desde o século XVI. Florianópolis nunca foi planejada, excetos os projetos avançados do arquiteto Felipe Gama D’Éça, considerado por políticos como um “alucinado”, simplesmente porque ele sugeriu construir o aeroporto no Norte da Ilha e transformar a parte Sul em áreas residenciais e comerciais, com infraestrutura moderna.
A principal justificativa para o nosso atraso, contudo, é porque o serviço público de Florianópolis continua, como no século XX, subsidiando estratégias eleitorais. O único que pensou grande na Ilha – além de Gama D’Éça e do governador Colombo Salles – foi o governador Hercílio Luz, que planejou, inclusive, a construção de uma avenida interligando as praias, mas foi vencido pelos “coronéis” que dominavam a cidade e as terras litorâneas. Basta dizer que a prefeitura, que quer se transferir para a SC-401, já entulhada pela falta de planejamento, tem uma estrutura com mais de 42 órgãos. Basta dizer que só no turismo há uma secretaria, uma superintendência, além de assessorias. Floripa precisa da consciência turística dos dirigentes públicos e não de órgãos. Turismo se desenvolve com uma política cultural consistente e pelos serviços de qualidade da iniciativa privada. O resto é balela.
Quem sabe, Cacau, você consiga um estágio em Kazan para os nossos gestores públicos, incluindo os edis.
Abs Laudelino José Sardá
Continua depois da publicidade
Veja também as publicações de Roberto Alves e Diorgenes Pandini