Texto de Débora Abdala. Li, gostei e divido com vocês:
“Gabriela Pugliesi, a blogueira fit, postou no Instagram que não tem nada melhor do que: ‘acordar, meditar, alongar, fazer atividade física, ir pra crioterapia e depois fazer drenagem!’. Numa segunda-feira. Não, ela não está de férias, apenas recebe para fazer atividade física, publicar as marcas que a patrocinam, divulgar a massagista, pra dizer que a vida é ‘mara’ e que é muito feliz. Ela também diz que cúrcuma e magnésio são ‘mara’ e que fazem bem ‘pra tudo’.
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E aí, a Joana (nome fictício, ok?) vê isso. Ela, Joana, acorda cedo, passa um café rapidinho, corre para o trabalho, come no refeitório do serviço, chega em casa depois das 19h, pega o material de estudos e corre para o inglês. Volta, come qualquer coisa, e dorme porque ‘todo dia ela faz tudo sempre igual, se sacode às 6 horas da manhã’
Então, a Joana que é uma pessoa normal, começa a se sentir fracassada. Triste. Talvez seja falta de cúrcuma, né? Ela não consegue acordar, meditar, alongar, treinar, fazer crioterapia e drenagem. Enquanto a blogueira faz drenagem, ela já está na segunda reunião. Entregando o quarto relatório do dia. E nem 10 minutos de meditação ela consegue fazer! E o que essas blogueiras fazem para a humanidade, além de demonstrar uma vida fictícia que ninguém normal pode ter?
E aí vemos jovens cada dia mais depressivos, pessoas cada vez mais imediatistas, profissionais mais frustrados e, a vida real, que era pra ser a vida realmente boa, mesmo com os tropeços, vai sendo vista como uma vilã cruel.
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Umas semanas atrás, um ‘coach de lifestyle’ se matou. Desses que tinham a vida plena na rede social. Mas a vida real, que é boa mesmo com seus percalços, pesou. E ele não aguentou. Vejam só: a maioria dos influenciadores digitais se consultava com ele. E ele? Consultava com quem?
Em tempos de cúrcuma, magnésio, vida ‘mara’, água com limão de manhã, crioterapia, meditação e life style… fico com o churrasco, o arroz (pode até ser com açafrão!) com feijão, a vida em família, a religião, a atividade física moderada, e um brigadeiro, que nunca matou ninguém de decepção!”.
