Morreu Antônio Mir, o el loco. Nascido em Lorca, na Espanha, Mir significa mundo na língua russa. E no mundo cabia toda a arte dele. Passou pelo metal, pelas telas, pelas esculturas. Pintou e bordou tudo o que pode na vida. Meu amigo, me recebeu no seu apê de Barcelona, onde me levou aos melhores restaurantes que faziam permuta com ele, trocando as caríssimas contas por quadros. Foi também anfitrião do time do Beijo em Puerto Mazzarón, na costa mediterrânea, onde morou cinco anos com Elisa, sua mulher.
Segundo Marcos Bayer, que foi um dos seus melhores amigos, a aproximação de Santa Catarina com a Galícia, o intercâmbio na maricultura, tem o toque de Antônio Mir. No Palácio de Governo, há uma escultura do cajado e a concha, símbolos de Santiago de Compostela, de sua autoria. O cajado é a virilidade humana. A concha, a feminilidade. Mir fez um trabalho memorável. E sua principal característica era a generosidade. Gostava de beber e comer todas as especiarias. Bayer conta que nas vésperas do réveillon de 1992, Mir o levou a todos os botecos de Puebla Del Caraminal e em cada um deles havia um quadro ou desenho seu. A via sacra terminou ao amanhecer. Outra feita, em Madrid, quando expôs na Casa de las Américas, Mir fez um "convênio" com o dono de um confortável hotel na região de Moncloa e hospedou todos os amigos por alguns dias à conta da exposição. Era o rei das permutas. Pintava, vendia, trocava e viva das suas obras. Às vezes ficava trinta horas sem dormir. Era movido por paixões. Era genial.
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