A capacidade que o Brasil tem de produzir aberrações não para de surpreender. É o caso do jogo do bicho, essa invenção genuinamente brasileira que existe há 127 anos e, mesmo proibida e banida das casas lotéricas, continua sendo uma das maiores loterias ilegais do mundo – tamanha é a disseminação do vício.
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Trata-se de uma perversão que ultrapassa os limites do próprio surrealismo. Não é em qualquer lugar do mundo que foras da lei são tolerados com tanta benevolência. Não enxergar a prática da jogatina e combatê-la premia a ilegalidade e mantém uma reserva de mercado para o jogo do bicho no país. Um descalabro.
Sessões dos Tribunais
Na esteira da PEC de autoria do senador Esperidião Amin, lembro que a maioria dos tribunais americanos e europeus já afastaram a leitura dos extensos e cansativos votos, optando pela apresentação de breve resumo durante as sessões, restando a íntegra do processo em distribuição física ou digital ao demais pares. Desta forma, tem-se à obediência aos princípios da celeridade e razoabilidade, gerando efeitos benéficos imediatos aos interessados (partes e advogados) e à imagem das Cortes.
Atualíssimo
“Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta a cada dia. O tédio invadiu as almas. A ruína econômica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. A renda diminui. A agiotagem explora o juro. De resto, a ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. Não é uma existência; é uma expiação.”
Texto escrito por Eça de Queiroz, em 1871, cai como uma luva pro Brasil de hoje.
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