Era tradição: a cada 6 meses, o pescador João da Angélica vinha ao Box 32 beber uma cachacinha com o seu admirador e amigo, o jornalista Aldírio Simões, o maior conhecedor da alma dos manezinhos da ilha.
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João da Angélica ficou enlouquecido pela dor da perda da mulher, Angélica, depois do parto do seu quarto filho. Ele deixou os filhos com parentes e foi viver sozinho na deserta Ilha do Coral, ao sul de Florianópolis, onde morou por 38 anos em uma casinha humilde, sem nenhum conforto, onde utilizava latas para cozinhar no improvisado fogão a lenha.
Baixinho, enrugado pelo sol, vestido com simplicidade, andava sempre de sandálias. Ele agia como se a Ilha fosse de sua propriedade, mas ele não era dono de nada. A Ilha é propriedade da Marinha do Brasil, que jamais concordou com a permanência dele lá. No local um farol um farol é mantido para segurança da navegação.
Quando estava com 80 anos, infelizmente, foi despejado da ilha. Após o despejo, durante dois anos, todos os dias João subia numa pedra e ficava olhando fixamente o mar na direção da ilha distante, com ar triste e acabrunhado.
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Nos botecos, depois de alguns goles, queixava-se da saudade que sentia da ilha. Foi definhando até que, em 2002, tirou a própria vida depois de saber que foi negada a sua última tentativa para voltar.