Em novembro do ano passado, Saulo Raitz assumiu o Metropolitano afundado em dívidas, rebaixado à Série B do Catarinense, de mal com a torcida e com o futuro questionado. Contra a maré, o novo mandatário apostou nas categorias de base como nunca o Verdão havia feito, fez as pazes com o torcedor e recolocou o clube na elite do Estadual. Embora o time ainda esteja no vermelho, Raitz diz que esses problemas estão equalizados e projeta o fim das dívidas “rapidamente”. Confira na entrevista:
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O que levou o time a esse acesso? Marcelo Mabília tem influência nessa reação que o Metropolitano teve no primeiro turno?
Desde o começo da gestão a gente teve um trabalho de planejamento, tanto administrativo quanto financeiro, e tínhamos o foco de trabalharmos unidos. Isso foi o que somou muito. Houve união do clube de um modo geral. Sempre falei, por exemplo, aos atletas que tínhamos que trabalhar em bloco. Assim somos mais fortes e isso funcionou. Todo o planejamento que a gente fez somado ao trabalho unido nos levaram a essa conquista.
O senhor assumiu o clube em um momento delicado e agora o recoloca na Série A do Catarinense. Os problemas do Metrô estão resolvidos com esse acesso?
Não. Como qualquer clube, o orçamento do Metrô é muito deficitário. Precisamos mudar o foco do futebol. Precisamos investir no produto. Só patrocínios de camisas, placas, sócios, não resolvem mais. Nós ainda continuamos com problemas no clube, mas equalizados. Estamos contornando, mas a situação é delicada e ainda não é normal. A gente pretende em um período até rápido tentar equalizar melhor essa situação (ao se referir sobre as dívidas do clube).
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O que seria esse “equalizar”?
A dívida que o clube tem está controlada, mas requer muitos cuidados. Quando eu digo “controlar”, é que quando você tem uma empresa, um negócio, precisa de uma verba circulante, com dinheiro em caixa para poder respirar, trabalhar. Sem investimento e capital de giro, hoje, é praticamente impossível tocar qualquer tipo de negócio e no futebol não é diferente.
Como está financeiramente o time hoje?
Nós temos os problemas que a gente assumiu lá em novembro, que são ações trabalhistas e impostos atrasados. Gira em torno de R$ 1,5 milhão, R$ 2 milhões, mas que pode ser muito bem equalizada com negociações com atletas, com maiores apoios na camisa, de sócios, e com um investidor no clube, por exemplo, nas categorias de base.
O que o Metropolitano quer na Copa Santa Catarina? Vai manter o investimento para brigar pela Copa do Brasil, ou apenas usá-la como pré-temporada?
Nós temos agora que respirar e começar a planejar tudo novamente. Tínhamos dois planos antes do campeonato, antes do acesso. Agora vamos tentar executar o plano A, que é fazer uma boa equipe para fazer um grande campeonato.
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No Estadual ou na Copinha?
Na Copinha também. Nós vamos analisar essa situação nos próximos dias e a renda do jogo (contra o Marcílio Dias, pela ida da decisão da Série B) será muito importante para vermos o que conseguimos. Acredito que dá para fazer uma boa Copa, mas preciso esperar até terça, quarta, quinta-feira para tomar algumas decisões.
O clube já pensa no Campeonato Catarinense do ano que vem, ou primeiro os olhares estão atentos para a final contra o Marcílio Dias?
Nós não podemos mais trabalhar o clube para um jogo ou para um campeonato na parte financeira. Nós temos que planejá-lo para frente e revisar esse planejamento constantemente. Não podemos mais pensar só em um campeonato, temos que pensar nas categorias de base, no CT. Tudo no clube tem que ser pensado antes para que a gente possa chegar lá na frente com um resultado melhor.
A missão está cumprida, ou o Metropolitano almeja a conquista do primeiro título oficial da história?
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Temos um pacto com os atletas. Queríamos em primeiro lugar o acesso, mas também queremos agora o título. Vamos lutar cada minuto, cada segundo, pelo título. E os atletas sabem disso. Vai ser muito importante para o Metropolitano, um clube novo, esse título em nível estadual. Esse agora é o foco.
O senhor falou domingo dos “500 quilos que saem das costas” com o acesso. Como está a diretoria agora? Mais tranquila?
O clima é bem mais tranquilo. Pegamos o clube em uma situação muito delicada e com um produto totalmente em baixa, com a imagem definhando e jogada totalmente para baixo. A pressão era muito grande para subirmos. Colocamos todos os nossos esforços no acesso, nos jogadores, para que eles tivessem toda a condição para colocar o Metropolitano na Série A. O peso saiu (das costas). Não que a gente vá diminuir a carga de trabalho, mas com esse peso a menos conseguimos respirar e ver onde foram os erros para tocar o barco.
O Metrô já tem uma ideia de quanto vai ganhar com esse acesso? Em dinheiro?
Não temos ideia ainda, mas o direito de imagem geralmente para um clube do nosso porte é de R$ 350 mil, por aí. Mas a gente já está renegociando com patrocinadores e precisamos que o sócio venha, já que o associado apoia o clube financeiramente e deixa o time mais visível. Não é possível que em uma cidade com 330 mil habitantes mais a região metropolitana o clube tenha apenas 140 sócios. Acho que quem falta comprar a ideia do clube, do Metropolitano, é o sócio também. Ele também precisa fazer parte disso dando a sua contribuição e investindo na sua alegria. Ontem (domingo) a gente pôde ver que esse investimento na alegria é muito importante. Justifica ao torcedor ficar sócio, tendo alegria, e podendo cobrar o clube.
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Caso se confirme esse valor, qual o impacto desses R$ 350 mil ao clube?
É um impacto muito interessante. O peso desse jogo de ontem, na nossa conta, é de mais ou menos R$ 1,5 milhão, que é o direito de imagem, aquilo que reforçaremos na camisa com patrocinadores, com placas no estádio, com sócios. Então o jogo de ontem (domingo) nos rendeu mais ou menos R$ 1,5 milhão.