A euforia do acesso e do primeiro título oficial foi por água abaixo. O Metropolitano, que viveu breves meses de lua de mel com a torcida após a Série B do Catarinense no ano passado, volta à estaca zero. O novo rebaixamento põe o time em um patamar mais incômodo do que aquele vivido em 2017, quando caiu pela primeira vez. Isso porque agora o clube enfrenta algo pior do que a desconfiança da torcida: a desconfiança do mercado. Embora tenha consolidado uma estrutura, com a construção da sede do Centro de Treinamentos Romeu Georg, o clube soma dois rebaixamentos em três anos, o que inevitavelmente traz ares de desânimo.
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Na conversa que tive com o presidente Valdair Matias, na sexta-feira, não percebi um ar de arrependimento pela história que o Metropolitano viveu no Campeonato Catarinense. O mandatário do Verdão de Blumenau alega que fez o possível, “com os pés no chão, sem condicionar a permanência a um rombo financeiro”. Chegou a dizer que é preciso “pensar nas gestões futuras”, quando questionado se as contratações – que deram um suspiro de esperança no segundo turno – foram tardias. Matias se mostrou incomodado com o rebaixamento, é claro, mas tranquilo quanto aos próximos passos do clube – o que, confesso, ainda não sei se é algo bom ou ruim.
Reunião na segunda-feira
A diretoria do Metropolitano ainda não parou para conversar sobre o rebaixamento e os próximos passos do clube. Essa reunião irá ocorrer na segunda-feira à noite, quando os dirigentes vão se reunir para falar sobre o assunto. Segundo o presidente, essa semana serviu para o acerto das rescisões com os atletas e para “virar a chave”. Matias disse que o foco para os próximos meses deve ser as categorias de base e a formação de atletas. Nesse encontro, no próximo dia 15, a diretoria também deve definir se o Metrô participa ou não da Copa Santa Catarina – a disputa no ano passado trouxe alguns ônus ao time, o que pode motivar a desistência da participação nesta temporada.
Fechar as portas
Todo ano é a mesma coisa. Ou dizem que o Metropolitano vai desistir da Série D, ou dizem que o clube vai fechar as portas. Em 2019, a segunda opção ganhou mais repercussão. O presidente disse à coluna que isso não vai acontecer e chegou a fazer uma comparação com grandes clubes como Vasco, Botafogo, Fluminense, Palmeiras e internacional, ao dizer que o rebaixamento é algo do esporte.
– Competição é assim. É esporte. Um ganha, outro perde. Temos mais aprendizados na derrota. Times grandes também já caíram. Se fosse assim (de fechar as portas com o rebaixamento), cada um que caísse fechasse as portas, seria difícil – afirma Matias.
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Dívidas trabalhistas
O Metropolitano foi acionado na Justiça por 38 ex-funcionários e ex-atletas. Desses, 12 já se acertaram com o clube e estão recebendo valores parcelados. Faltam 26, que ainda não fizeram o acordo. O Metrô ainda tem a esperança de conseguir se enquadrar no Ato Trabalhista – ferramenta que centraliza em uma conta judicial o pagamento a credores –, mas não há perspectiva a curto prazo. Por enquanto, pelo menos, a equipe não criou novas dívidas, o que ameniza a bola de neve dos problemas financeiros.
E o estádio…
A diretoria do Metropolitano tenta agenda com a Secretaria Especial do Esporte para ir a Brasília no início de maio. O objetivo é pressionar para que a primeira parte dos recursos para a construção do estádio municipal de Blumenau seja liberada. O projeto já passou por todos os trâmites na pasta e aguarda a famigerada canetada. Agora, o objetivo é conseguir uma primeira parcela de R$ 12 milhões para a construção do primeiro módulo de arquibancada, com capacidade para 2,5 mil pessoas.
“Não vou correr do pau”
O mandato de Valdair Matias vai até o fim de 2020. Até lá, o presidente do Metropolitano disse que seguirá à frente do clube e quer recolocar o time na Série A do Catarinense:
– Não vou correr do pau. Fui eleito como vice, mas (o mandato) caiu no meu colo. Mas na diretoria não é constituída só pelo presidente. É uma equipe, com pessoas que têm os mesmos objetivos.
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