Responsável pelo extracampo que culminou na volta do Metropolitano à Série A do Campeonato Catarinense e no primeiro título oficial da equipe, Saulo Raitz renunciou à presidência do clube no fim da semana passada. Em nota, o ex-mandatário afirma que "problemas de saúde" motivaram a decisão. Há dois meses Raitz havia pedido licença para fazer um procedimento cirúrgico e nem sequer teve voz durante a participação do Verdão de Blumenau durante a Copa Santa Catarina.

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Quem assume a função é Valdair Matias, vice. Ex-presidente do Samae, Matias tem forte ligação política com o PSDB, com quem o Metropolitano tem certa proximidade. Além disso, foi um dos nomes fortes do primeiro escalão do governo de Napoleão Bernardes durante o primeiro mandato. Com a eleição do filho, Alexandre Matias (PSDB), ao cargo de vereador, Matias pediu para deixar a autarquia que cuida do abastecimento de água na cidade para evitar o que chamou, na época, de "conflito de interesses".

De acordo com o estatuto do Metropolitano, Valdair Matias fica até o fim de 2020 como presidente. Confira na entrevista a seguir as ideias do novo presidente do clube:

Quando o senhor soube que iria se tornar presidente do Metropolitano?

Foi na terça-feira (da semana passada), quando o Metropolitano foi homenageado na Câmara (de Vereadores). Lá, logo em seguida, a gente se reuniu com o Saulo (Raitz) e ele apresentou para nós a dificuldade em continuar, em função da empresa dele, de um tratamento de saúde, o fato de ele já ser presidente do Instituto Metropolitano, que cuida das categorias de base. Então tudo isso veio trazer essa dificuldade. Foi onde que definimos. E o vice tem de estar preparado. A diretoria já estava lá (na Câmara) e já soube da decisão. Não podemos abandonar o barco.

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O que o motivou a aceitar a função?

Lá atrás, há um ano, quando o Saulo me convidou para ser vice, aceitei e já tinha a noção de que em qualquer eventualidade precisaria assumir. Não vou fugir das responsabilidades. A nossa meta a gente conseguiu, que era subir à Série A, e ainda fomos campeões. Então tudo isso nos levou a essa decisão de realmente assumir e tocar o barco para frente. O Metropolitano é o time da cidade, da região, e isso não pode ser afetado com uma desistência do presidente.

Como resolver o problema das dívidas e a falta de dinheiro?

Toda a diretoria está focada. Estamos trabalhando todo o departamento comercial, contratamos uma pessoa só para cuidar dessa área de novos sócios, do Projeto Metropolitano 100. O próprio Jurival (da Veiga, diretor de patrimônio do clube) com toda a parte comercial que já vem fazendo há muitos anos. Já tivemos reuniões com a Sicoob e com outros potenciais apoiadores, e daremos sequência a partir de agora.

Faltam cerca de 70 dias para o início do Campeonato Catarinense. É tempo suficiente para organizar o clube e formar o elenco?

Demos férias para todos os atletas e comissão técnica, e eles retornam no dia 3 de dezembro. Claro que é correria, mas temos que dar sequência e começar o campeonato dia 17, contra o Avaí, lá na Resscada.

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O senhor está confiante? Afinal de contas são dois anos que terá à frente do clube.

Sem problemas. Quando assumo um compromisso, eu toco. Acho que a gente tem que fazer um trabalho de equipe. Já toquei o Samae durante quatro anos e foi dessa forma, com trabalho de equipe, e que graças a Deus muito sucesso. Tenho certeza que nessa empreitada não vai ser diferente.

Mas uma coisa é gerir o Samae, uma autarquia que tem receita previsível todo mês, outra é o Metropolitano com sua instabilidade financeira, não?

Claro, mas para isso tem que se correr atrás e buscar apoiadores. Sempre digo, o empresário não tem que nos dar ajuda. Ele tem que investir no futebol para buscar o resultado e ter o retorno do investimento. Sempre cito o exemplo da Chapecoense. Olha em um jogo quantas vezes as marcas aparecem na camisa. Isso tudo divulga as empresas que apostarem, por exemplo, no Metropolitano.

Que tipo de comparação o senhor faz da gestão do Samae em comparação àquilo que pretende fazer no Metropolitano?

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Fizemos uma boa gestão, justamente por ser um trabalho de equipe. Ninguém faz nada sozinho. Conseguindo fazer um trabalho de equipe, a gente consegue também os objetivos. Foi dessa forma que fizemos no clube. Em novembro do ano passado o objetivo era a volta à Série A. E conseguimos, ainda sendo campeões. Então isso tudo foi trabalho de equipe, e agora não vai ser diferente.

Quais apoios estão definidos? Falou-se em Ericsson Luef de volta à diretoria. O convite já foi feito?

Ainda não falamos, mas temos que somar, não podemos dividir. Vamos conversar com todos que foram presidentes, outras diretorias, de outras gestões, para que podemos somar. A cidade merece um futebol de Série A e se destacar no Campeonato Catarinense. É dessa forma que pretendemos atuar.

Quanto ao Ericsson. Sim?

Sim, sem problemas nenhum. Todos que se dedicaram ao futebol, é porque gostam de futebol. Tenho certeza que essas pessoas voltando, voltam a acrescentar a experiência que tiveram. Tudo isso vai dar mais credibilidade a todos nós.

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Os dois últimos presidentes diziam que não tinham dinheiro para investir. Faltou um mandatário com cacife para bancar o clube em alguns momentos?

A diretoria não tem que botar dinheiro no futebol. Temos que fazer a gestão para que ele seja autossuficiente. Esse é o xis da questão. Não precisamos de alguém para bancar. Temos que buscar muitos apoiadores e assim se faz futebol. Estive em uma reunião na Federação Catarinense de Futebol e tive contato com todos os presidentes dos clubes da Série A em Santa Catarina, e nós trocamos bastantes figurinhas e isso foi importante para conhecermos um pouco como eles tocam a gestão. É todo mundo correndo, buscando apoios. A gente só cresce e acrescenta buscando informações daqueles que têm mais experiência.

Vadinho? Marcelo Georg? Nomes que sempre circulam no Metropolitano vão integrar a equipe de apoio?

Sim, inclusive eles já estão desde o ano passado e neste ano nos apoiando. Temos que buscar todos que passaram pelo clube para somar.

O que Valdair Matias vai fazer para que o Metropolitano não faça um bate-volta à Série B do Campeonato Catarinense?

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Estruturando o departamento de futebol, já que eles são mais conhecedores da área. Queremos dar condições para que eles possam montar um time competitivo e para que nós tenhamos sucesso nessa empreitada.

Quais os planos de Valdair Matias à frente do clube?

Uma coisa nós já fizemos diferente: instituímos um departamento comercial, com um vendedor cadastrando potenciais parceiros, já fizemos um convênio com uma empresa que fará a cobrança dos sócios. São ações diferentes em comparação a outras gestões e vai contribuir para que possamos aumentar o número de associados, trazer mais empresas para apoiar e investir no futebol. Para isso preparamos uma equipe na linha de frente para buscar esses objetivos.

O rombo do clube gira em torno de R$ 1,5 milhão ainda?

Por aí, porque tem muitas (dívidas) trabalhistas que ficaram, e agora a gente está administrando. Desde o início fiquei à frente das audiências, participei de 99%, e as coisas vão se solucionando. Pagamos R$ 200 mil só neste ano de dívidas referentes a outras gestões.