Angústia e incertezas são os sentimentos mais ouvidos entre as famílias vítimas do rompimento do reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) na madrugada do dia 6, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis. Praticamente uma semana depois, casas eram demolidas e o local passava pelo processo de limpeza ao longo da terça-feira. O trabalho é lento, pois ainda existe muito lixo para ser removido antes da entrada das máquinas nos terrenos.
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As ruelas onde imóveis se localizam também dificultam o acesso. Dois milhões de litros de água vazaram inundando casas e ruas do bairro do com alta vulnerabilidade social. Nem todas as famílias aceitaram ir para hotel ou hospedagem oferecida pela Casan, principalmente aquelas com filhos pequenos e animais, preferindo a casa de parentes.
— Somos nove, incluindo cinco crianças, um cachorro, dois gatos e uma tartaruguinha. Estamos num apartamento de dois quartos e mais quem nos hospeda — conta Jeovanna Ribeiro Borges.
Casan dá explicações sobre rompimento de reservatório na Câmara de Florianópolis
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Vizinha ao reservatório da Casan, a casa da família Ribeiro é uma das marcadas para ser derrubada. Para resolver impasses assim, a advogada voluntária Keren Ribeiro procurou a companhia para viabilizar o aluguel de moradias nas imediações. A proximidade facilitaria a rotina das crianças que frequentam colégio no bairro.
— O problema é que os proprietários querem aproveitar a ocasião e botaram os preços lá em cima — explicou a advogada.

Para Valdir João Machado, a preocupação é com os valores das indenizações:
— Minha casa ficou em pé, mas quebrou portão, portas, janelas e perdi móveis, roupas, alimentos. Tenho muito medo de não conseguir comprar o mesmo material que a “enxurrada” levou — explicou.
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Tudo o que se sabe sobre o rompimento do reservatório de água da Casan em Florianópolis
João Santos, outro morador que teve a casa e uma moto danificadas, conseguiu ressarcimento pelo veículo no valor de R$ 4.079. Mas reclamou em ter que pagar o licenciamento do ano, que vencia em outubro:
— Quem vê na mídia pensa que a Casan está sendo boazinha com a gente. Se eu não pagasse os RS 170 (do licenciamento), não tinha recebido nada — contou.
Empresa prometeu atender maioria até o fim de semana
Desde segunda-feira, moradores comparecem na Casan para negociar os valores. Nesta primeira parcela, estão sendo avaliados danos em veículos, eletrodomésticos e roupas, entre outros. Não entram ainda prejuízos nas residências, como muros e estruturas, que seguem feitos em trabalhos de campo. A companhia promete atender a maioria das antecipações até o próximo fim de semana.
Conforme a Casan, 220 famílias foram afetadas. O atendimento iniciou-se no sábado, quando as primeiras 20 foram atendidas para avaliação conjunta de danos e aceite dos valores indenizados. A companhia também anunciou que os valores de antecipação estão estimados inicialmente entre R$ 1,8 mil e R$ 40 mil.
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“Sai de casa com a água na boca”: relata moradora atingida por rompimento de água em Florianópolis
Em nota à imprensa, a Casan diz que antecipou indenizações para mais 14 famílias nesta terça-feira (12). Os atendimentos aconteceram na unidade da Casan do Estreito, de forma individualizada e com suporte da Defensoria Pública de Santa Catarina. No total, 71 famílias foram atendidas desde sábado, quando a companhia começou as antecipações.
Confirme a nota da empresa, o valor total ressarcido desde sábado (9) chega a R$ 740 mil e o valor médio de indenização é de cerca de R$ 10 mil. As 14 famílias atendidas nesta terça-feira (12) tiveram ressarcimento sobre danos ao patrimônio e, segundo a companhia, durante os atendimentos, a equipe da Casan deixou claro que a avaliação é parcial e os levantamentos de danos prosseguem.
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