Obviamente que os bolsonaristas não gostaram nada do que ouviram. Em áudio divulgado pela coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles, e repercutido pela colega Dagmara Spautz, o deputado federal por Santa Catarina Zé Trovão (PL) faz duras críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro. O caminhoneiro, porém, “dá uma aula” sobre política brasileira em pouco mais de dois minutos de gravação, que ocorreu sem que ele soubesse. E aqui nem me refiro ao que ele diz sobre Bolsonaro, mas sim abordo a leitura de cenário do parlamentar novato.

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Crítica de deputado a Bolsonaro cai como um trovão no PL

Em linhas gerais, numa conversa com um assessor, Zé Trovão tenta convencer o interlocutor que a política não se trata de fazer no “grito”. Ele ainda dá como exemplo a relação com o deputado estadual Maurício Peixer (PL). Zé Trovão admite que não gosta de Peixer, mas que precisa manter uma boa relação com o conterrâneo – ambos são de Joinville. Outro exemplo do que realmente se trata a política. Não é necessário os políticos se amarem, mas eles precisam, pelo menos, se sentarem na mesma mesa quando o assunto é a gestão pública.

A reação dos bolsonaristas ao que disse Zé Trovão sobre a principal figura do movimento – o ex-presidente da República – resume justamente que o deputado federal tem razão na “análise” política que fez ao próprio assessor. Os gritos de reclamação fazem barulho, mas não agregam em nada ao debate político. Foi isto que o parlamentar catarinense quis dizer, mas não será compreendido porque os bolsonaristas são exatamente como descreveu Zé Trovão.

O deputado do PL será punido daqui em diante por tentar fazer política na boa essência da palavra. Há outros casos por aí, inclusive dentro do próprio partido de Jair Bolsonaro, que parlamentares procuram colocar o pé para fora da bolha e são alvo de protestos. O joinvilense será mais um, muito por conta do que resolveu falar sobre o ex-presidente, mas também pela “audácia” de pensar “fora da caixa”.

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A repercussão do caso ainda deve seguir por mais tempo, ainda mais que o eleitor raiz da onda Bolsonaro não esquece dos “traidores”. Só lá na frente saberemos se Zé Trovão terá a imagem eleitoral e política afetada pelo áudio vazado. O deputado pode até sofrer e sentir dificuldades futuras no PL, mas deixará registrado que tentou, pelo menos, fazer a real política brasileira.