A equiparação salarial dos procuradores é o motivo oficial, mas não o principal da votação do impeachment do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva, nesta quinta-feira. Os deputados, ao dizerem sim e não, vão votar em quem eles querem no comando do Estado. Ao votar sim, estarão ao lado do presidente da Alesc, Julio Garcia. Pelo não, escolhem Moisés.
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A discussão dos procuradores, questionável do ponto de vista jurídico, nem aparece. Justamente porque não tem peso e nem apelo. Mas vai ser usada para levar uma possível mudança de governo à votação. O que está em jogo é a opção dos parlamentares por um ou outro nome.
Ambos sabem disso.
Julio Garcia tem a Alesc nas mãos. Desde janeiro de 2019, quando assumiu a presidência da Assembleia, o parlamentar é a principal ameaça ao governo. Não do ponto de vista ideológico, mas sim pela força política. A operação Alcatraz, em maio de 2019, arrefeceu a força do pessedista. Mas, mesmo com o indiciamento contra ele pela Polícia Federal (PF), em outubro do ano passado, os deputados continuaram sob seu guarda-chuva. A operação Alcatraz, então, parece tema proibido na Assembleia.
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Neste processo de impeachment, o parlamentar tem sido ativo. Uma das ações foi adiantar a votação marcada para o dia 22, que agora será nesta quinta-feira. O governo fala nos bastidores que essa é uma manobra do presidente da Alesc para evitar uma decisão do STF contra a votação no plenário, além de Garcia pensar em benefício próprio diante da denúncia de 12 vezes por lavagem de dinheiro na Alcatraz. O deputado nega envolvimento na operação e diz que a Assembleia faz seu papel de fiscalizar na questão de impeachment.
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Por outro lado, Moisés busca nas últimas horas se reconstruir na Alesc, mas a missa é dura. O governo quer fazer em 24 horas o que não conseguiu em um ano e nove meses. O Executivo é frágil no Legislativo, tanto que pode perder a cadeira nas próximas horas.
O que estará em jogo nesta quinta-feira é quem escolherá Moises e quem vai optar por Julio Garcia. Os 40 deputados vão decidir o comando de Santa Catarina, incluindo as fragilidades de ambos.
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