Caso realmente a intenção do projeto Universidade Gratuita seja discutir a ampliação do acesso ao ensino superior, como diz o governo, o princípio básico da proposta do governo Jorginho Mello (PL) está em último plano. A educação ficou em último plano nas últimas semanas. O que mais tem ganhado projeção, por outro lado, é o dinheiro. Universidades comunitárias e particulares disputam publicamente a fatia prometida pelo governo para as bolsas de estudo. E isto ficou ainda mais evidente nesta quarta-feira (7), quando as associações que representam ambos os grupos dispararam notas com críticas mútuas.

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Alesc destrava projeto Universidade Gratuita

Por mais argumentos que os dois lados desta briga por dinheiro possam expor, não há mais razão envolvida. O que há é a preocupação das universidades com os valores anunciados por Jorginho. Assim, a educação fica só como pano de fundo. Não se discute, efetivamente, se o ensino superior é a prioridade do momento em Santa Catarina. Não se discute se o formato proposto pelo governo terá controle de resultados efetivos, e muito menos se não é mais efetivo ampliar o Uniedu, atual programa de bolsas com impacto no Estado.

O que se vê é uma troca pública de acusações e apontamentos que pouco contribui para a melhoria do Ensino Superior em SC. Cabe, então, ao governador o papel de mediar um conflito feio e desnecessário e resolver o impasse. É do Executivo a responsabilidade de colocar a bola ao centro e mostrar para os dois lados que o dinheiro será usado para a melhoria da educação tendo como meio as universidades. As instituições precisam saber o papel delas dentro do processo.

A busca incessante pelo tamanho da fatia das bolsas é prejudicial para todos os lados. Por mais que, financeiramente, seja interessante às universidades brigar por cada centavo e percentual, elas mesmas ficam reféns de uma discussão que poderia ser muito mais promissora para SC. O Estado tem a oportunidade de se debruçar sobre um debate relevante, mas fica centrado em saber se as universidades particulares vão receber 20% ou mais, e se realmente é a Acafe que ficará com o bolo maior das bolsas.

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As próximas semanas serão decisivas para a efetividade do projeto e a tramitação na Alesc. Mas, mais do que isso, teremos pela frente dias decisivos para a educação do Estado. A aprovação do projeto vai acarretar numa herança que será longeva, já que nenhum gestor ousará mexer em programa de bolsas que beneficiam estudos. Sendo assim, não há tempo a se perder com discussões que se limitam a quanto cada universidade vai ganhar, mas sim o ponto central é quanto Santa Catarina estará melhor a curto, médio e longo prazos por conta do novo programa.

O que explica a demora para o Universidade Gratuita ser analisado na Alesc