A pandemia está em segundo plano em Santa Catarina há meses. Foi deixada de lado pelos processos de impeachment e pelas eleições municipais. Decisões foram retardadas e o foco das principais autoridades ficou na política. Sobraram para secretários municipais e de Estado da Saúde a responsabilidade de lidar com o dia a dia de uma doença em avanço. O resultado veio neste mês de novembro. Os números do coronavírus saltaram e atingiram o pior índice desde de março nas cidades catarinenses.
Continua depois da publicidade
Em dia que SC registra 59 mortes por coronavírus, Estado tem pico de ocupação de UTIs
Santa Catarina colhe o que plantou, ou o que deixou de fazer. Há meses se fala em programa de testagem, mas não há efetividade. Nem o tão falado rastreamento, que é exemplo em outros países do mundo, foi efetivado no Estado. Há casos isolados, como a Capital, onde o programa de testes com rastreamento por aplicativo e QR Code é usado há meses.
Mas não há um plano estadual. Antes mesmo de deixar o cargo pelo afastamento do processo de impeachment, Carlos Moisés da Silva já vinha saindo da linha de frente do combate à pandemia. As decisões ficaram mais restritas e o protagonismo do comando mudou. Nos municípios, a campanha eleitoral inundou as ações e afogou possíveis ações para conter o avanço da doença. Ao contrário do que se esperava, aliás, as eleições causaram mais aglomerações e, inclusive, festas no dia 15 de novembro, com os resultados dos vencedores.
Tubarão adota medidas mais rígidas para combater Covid-19; entenda as regras
Continua depois da publicidade
Torna-se inevitável olhar para o atual cenário de 13 regiões em nível gravíssimo e não lembrar do tempo perdido no combate à pandemia. Santa Catarina, agora, precisa buscar o tempo perdido sob um custo de vidas. As projeções do Estado apontam para até 500 mortes por conta do coronavírus até 13 de dezembro.
Santa Catarina não pode naturalizar o nível gravíssimo para coronavírus
A secretaria de Saúde estipula uma escalada nos óbitos. Os números são resultado de um descuido grave das autoridades que se reflete na rotina dos catarinenses. A população baixou a guarda, diminuiu a vigilância sanitária. O vírus se aproveitou disso e passou aumentar a curva de contágio com repercussão nas unidades de terapia intensiva (UTI) e nas mortes.