Agora é oficial: Santa Catarina está em dias de uma batalha entre saúde e economia. Por questões políticas e de interesses, os dois setores foram colocados em lados opostos na pandemia da Covid-19, quando especialistas em ambas as áreas apontam para a necessidade de que elas andem de forma conjunta. A ação judicial do Ministério Público (MP-SC), que pede restrições contínuas por 14 dias no Estado, escancarou a disputa. Entidades representativas entraram no processo contra fechamentos, enquanto profissionais médicos e hospitais gritam por socorro diante da superlotação nos hospitais.

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Na última semana o que se viu foi um acirramento da batalha sem vitoriosos. O enfrentamento entre saúde e economia não leva a nada. O exemplo está mesmo em Santa Catarina. O Estado enfrenta um colapso dos leitos de UTI. Há muita preocupação entre as pessoas, que sabem da falta de unidades médicas para atendimento. Ao mesmo tempo, o verão no Litoral catarinense teve resultados financeiros inferiores em relação a outras temporadas.

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Há um problema real nas mãos do governo do Estado e das prefeituras, que é o esgotamento do sistema de saúde. E ele precisa ser discutido com foco técnico, sem ideologias políticas. O momento pede medidas duras, segundo médicos e especialistas, assim como os economistas apontam que, caso haja fechamentos, os setores recebam a ajuda fundamental do poder público.

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No caso catarinense, cabe ao governador Carlos Moisés da Silva liderar a resolução desse impasse, sem dividir saúde e economia. A abertura de leitos de UTI é real. São 160% a mais do que março de 2020, sinal de que neste sentido o Estado fez a sua parte. Mas, mais uma vez: os leitos não vão resolver a pandemia de forma isolada. Os epidemiologistas pedem outras medidas conjuntas como restrições contínuas.

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Justamente quando o assunto é fechamento de setores é que os grupos econômicos reagem. Por isso é que cabe ao governo chamar saúde e economia para encontrar os caminhos. Diante da necessidade de mais restrições, o que falta para um robusto plano de ajuda a a empresários e trabalhadores? Isso, aliás, já deveria ter saído do papel.

Os fechamentos aos finais de semana trazem prejuízos a quem depende do sábado e domingo para faturar. Um apoio econômico ajudaria, inclusive, a mobilizar por restrições amplas que aliviam o sistema de saúde. Não há uma equação simples que resolva o atual cenário. Mas o que se vê é um descompasso entre saúde e economia em SC, quando o correto era ambas andarem juntas.

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Há um ano, quando decidiu pelo fechamento de várias atividades, o governo colocou em prática algumas ações econômicas. Isso ocorreu para que os leitos de UTI fossem abertos e a rede de saúde estruturada. Depois de um 2020 com a maioria dos grupos econômicos de volta à ativa, iniciamos 2021 com a saúde gritando. Por isso é que repito: a balança está mais pesada para um lado.

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A resolução virá de um ponto-comum, não de uma guerra sem qualquer resultado efetivo. O momento pede um pacto pela vida, com união e um comando central E corajoso do governo. Sem isso, continuaremos no conflito de versões e com uma realidade triste de perdas.

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