Santa Catarina perdeu muito tempo em 2020 no combate ao coronavírus. O Estado ficou focado nas disputas políticas, nos processos de impeachment e nas Eleições 2020. Erros sucessivos de concentração de esforços naquilo que não era prioridade. A pandemia avançou significativamente pelas cidades catarinenses. A ocupação dos leitos do UTI beira ou ultrapassa os 90% em todas as regiões. E, com a chegada do verão, o Estado decidiu que enfrentará a alta temporada de peito aberto. Haverá restrições conforme o mapa de risco, mas a fiscalização não é eficiente. O próprio governo reconhece que não consegue dar conta de fiscalizar tudo, tanto que decidiu regras alguns setores por conta disso.
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SC registra mais 56 mortes por coronavírus; ocupação das UTIs chega a 87,9%
O protocolo sanitário para as praias sai nos próximos dias, com a possibilidade de que as máscaras não sejam obrigatórias na faixa de areia, segundo antecipou a colega Dagmara Spautz. Será muito difícil que a fiscalização consiga evitar o desrespeito, ainda mais que as novas regras sanitárias entram em vigor no dia 21 de dezembro, poucos dias antes da vinda da maior parte dos turistas ao Estado. Faltou antecipação e divulgação das medidas para conscientização. Os catarinenses podem e devem servir como régua para a aplicação das restrições.
Uso de máscara em praias de Santa Catarina vai deixar de ser obrigatório
Mesmo que o turista venha e desrespeite as medidas, cabe ao morador local o papel de dar a lição através do exemplo. A maior preocupação com a chegada do verão diante da ocupação dos leitos de UTI praticamente saturados (87,9%) é que a alta temporada exige ainda mais dos serviços médicos no Litoral. Como SC não se preparou para o verão, podemos ter meses preocupantes pela frente na saúde pública.
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Não se trata aqui de procurar vilões entre os setores atingidos, afinal eles buscam suas liberações com regramento e têm a responsabilidade de cumprir as medidas. O erro está na gestão pública. Como escrevi aqui há algumas semanas: estamos colhendo o que plantamos. Precisamos incluir a população, que em parte, seja por cansaço ou desatenção, também desistiu de ficar atenta à pandemia.
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Mas agora não há mais tempo a perder, talvez nem haja como recuperá-lo. Cabe ao Estado através das pessoas e dos gestores o papel de contribuir para que o verão não agrave o crítico quadro da pandemia nas cidades catarinenses.