Com a confirmação do governador Jorginho Mello de que o Estado quer permitir o “bico oficial” para que policiais atuem na seguranças da escolas catarinenses, Santa Catarina entra em uma nova discussão que nos deixa ainda mais longe de resolver o X da questão. Gestores e autoridades preferem olhar para a violência como um problema de segurança, e somente isto. No entanto, especialistas são claros em dizer que o assunto é muito mais profundo.

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PM planeja implantar o “bico oficial” para ter policiais nas escolas em SC

Isto leva a crer que o Estado comete um erro ao se dedicar tão somente a colocar mais policiais, sejam eles aposentados ou da ativa no horário de folga, dentro das escolas. Obviamente que as unidades precisam de segurança. Mas o que vai ajudar a diminuir a violência dentro da escolas é a presença de outros profissionais: professores, pedagogos e psicológos. Eles é que são capazes de ajudar a controlar o ambiente interno sob o enfoque da raiz dos problemas e evitar a violência que nasce dentro da unidade.

E isto não é uma crítica à função dos policiais, muito pelo contrário. Eles têm função importante dentro das unidades quando empregados com fins de colaboração em projetos como o Proerd, por exemplo. No entanto, para atuação ostensiva, eles são necessários nas ruas. É muito mais efetivo utilizar o dinheiro previsto no programa Escola Segura para contratar mais policiais civis, por exemplo.

Agentes que vão atuar nas delegacias e evitar que pessoas com histórico de violência possam circular e entrar em escolas, como foi em Blumenau. O que SC precisa é de medida na raiz, e não na ponta. Com mais prevenção e medida antecipada, menor será a violência contra as crianças.

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Mortes e violência psicológica

Numa demonstração que o nosso desafio é muito maior do que discutir apenas policiais, vêm se espalhando casos de crianças vítimas de violência direta ou indireta em Santa Catarina. No começo de julho, um menino de seis anos foi encontrado morto dentro de casa, sendo o pai, que também morreu, o principal suspeito. Em outros episódios também recentes, filhos foram testemunhas dos assassinatos das próprias mães no Estado. Tudo isso dentro de onde deveriam também estar protegidos: as próprias casas.

Questões assim são complexas de serem enfrentadas e, por isto, exigem estratégias igualmente elaboradas. Os policiais são extremamente necessários para investigar, prender e ajudar que pessoas agressivas façam algo contra as nossas crianças. Mas estamos vivendo uma crise social, onde profissionais como médicos, psicólogos e pedagogos são extremamente necessários para se atacar a raiz do problema.

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