Seis dias. Foi esse o tempo que duraram as novas medidas restritivas por conta do coronavírus em Florianópolis. Antes de o decreto completar uma semana, o prefeito Gean Loureiro cedeu à pressão econômica e decidiu reabrir parte das atividades. A partir desta terça-feira, voltam academias, shoppings e galerias. Os estabelecimentos terão protocolos a seguir, algo que poderia ter sido determinado ainda na semana passada. Ao anunciar os fechamentos, no dia 22 de junho, Gean escreveu nas redes sociais que não colocaria em risco os 500 mil habitantes por medo de pressões. Mesmo assim, nesta segunda-feira a pressão falou mais alto. Nesta segunda-feira, a Capital está com 85,96% dos leitos de UTI ocupados.

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O anúncio do decreto restritivo, na última semana, previa 14 dias de fechamentos. Publiquei aqui na sexta-feira que Gean pretendia rever o cenário nesta quarta-feira (1º). Mas, pelo visto, o cenário mudou antes. A justificativa para os fechamentos era o crescimento dos números da doença em Florianópolis. Crescimento esse que continua. A decisão da prefeitura de reabrir os estabelecimentos ocorreu no mesmo momento em que diretores de hospitais e o secretário municipal de Saúde, Carlos Alberto Paraná, discutiam em uma outra reunião a situação das unidades médicas da Grande Florianópolis.

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O próprio prefeito admitiu que a reabertura ocorre no momento errado, em nota enviada à imprensa: “O retorno neste momento não é o ideal, seria necessário aguardar mais tempo”. Para justificar a decisão, citou o impacto econômico. Também apontou a abertura em cidades vizinhas como dificultador e culpou o Estado por não agir.

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Na semana passada, aqui na coluna, apontei como medidas acertadas as determinações de fechamento em meio ao crescimento da doença. Em contrapartida, a questão econômica sofreria um novo baque, algo que não deveria ser desconsiderado. Pelo contrário, os setores atingidos pelo decreto seriam penalizados pelo “abre e fecha”. Mas o quadro de saúde precisava de prioridade.

Ao ceder, a prefeitura desmonta qualquer critério antes estabelecido. Na semana passada, a decisão tinha embasamento médico. Mas este embasamento não prevaleceu por uma semana. Os protocolos definidos junto com os setores econômicos apresentam uma evolução fundamental, inclusive, para a continuidade do “convívio com o vírus” nos próximos meses. Mas se os protocolos agora são a opção poderiam ter sido definidos antes. Aparentemente, esta deveria ter sido a primeira opção.

Mas não foi, optou-se pelas restrições como ação mais efetiva para o controle do coronavírus. Diante disso, o que se esperava era a continuidade das ações dentro dos 14 dias anunciados ou diante de uma mudança do quadro da saúde, o que não ocorreu. O recuo, certamente, agrada aos setores econômicos. Mas deixa apreensiva a parcela da população que acreditou nas medidas antes adotadas e ainda sob o risco de que futuras ações sejam vistas com desconfiança.

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