Em dois relatórios entregues nesta segunda-feira (14) à Justiça Federal, a Polícia Federal (PF) indiciou mais 21 pessoas dentro da operação Alcatraz. Entre elas está o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), o deputado estadual Julio Garcia (PSD). Ele foi indiciado pelos crimes de fraude em licitação, integrar organização criminosa, corrupção ativa e ocultação de bens.

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O primeiro deles, onde Julio Garcia aparece, detalha indícios de fraude numa licitação da secretaria de administração e seus atos seguintes, entre 2015 e 2018. São alvos dos indiciamentos empresários, agentes públicos e servidores. Segundo a PF, a investigação apontou um prejuízo, em valores atualizados, de R$ 1,4 milhão em contratos ligados à área de tecnologia. O mesmo relatório ainda detalha indicativos de crimes de lavagem ou ocultação de bens.

No segundo relatório, o alvo é uma licitação da Procuradoria Geral do Estado (PGE) feita em 2015, também superfaturada, de acordo com a PF. Assim como no primeiro caso, a licitação era para um contrato da área de tecnologia.

Os dois relatórios se somam as outros quatro já concluídos desde 30 de maio, quando foi deflagrada a ação contra uma suposta organização criminosa que atuaria dentro da secretaria de Administração do Estado e da Epagri. Duas pessoas continuam presas em Florianópolis. Nos relatórios concluídos nesta segunda, há 20 fatos com evidências de práticas criminosas.

Mais prazo

A juíza federal Janaína Cassol Machado havia concedido prazo até esta segunda-feira, 14 de outubro, para a conclusão do inquérito. A PF pediu novamente a prorrogação das investigações "em relação a outros fatos em apuração".

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Quem acompanha a operação nos bastidores estima que ainda há muito trabalho pela frente para os agentes. Nos próximos passos, o Ministério Público Federal (MPF) deve se manifestar sobre os indiciamentos e decidir pelo oferecimento ou não da denúncia.

Contraponto

À coluna, Julio Garcia contestou todos os crimes e disse que "há exagero" nos indiciamentos: "Meus bens estão todos muitos claros, a própria Polícia Federal tem essas informações. Sobre a organização criminosa, é impossível haver sustentação ou qualquer prova em relação a isso. Não há uma prova sequer sobre fraude em licitação, não há uma linha sequer que comprove que eu tenha participado de qualquer coisa". Ele também negou o crime de corrupção e disse que está tranquilo de que será inocentado.

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