O clima entre o governo do Estado e algumas prefeituras de Santa Catarina não é nada agradável. Justo agora, no momento em que os catarinenses mais precisam de união. Prefeitos reclamam do governador, enquanto Carlos Moisés da Silva disparou que municípios rejeitaram equipamentos de leitos de UTI. Em meio a esse embate, a curva do coronavírus sobe com sete regiões em nível gravíssimo.

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Técnicos da Saúde recomendam ao governo Moisés nova quarentena em SC

O desentendimento entre os comandantes da gestão da pandemia catarinense revela uma disputa que só interessa aos próprios envolvidos. Algo que, aliás, não deveria ser prioritário nem para esses gestores. Prefeitos e governador deveriam dar exemplo de união, busca pelo consenso. Na entrevista ao colega Upiara Boschi, o governador firmou o pé na sua decisão de que as prefeituras precisam assumir a responsabilidade.

A discussão pública, inclusive com frases de efeitos de todos os envolvidos, não acrescenta. O que resolve é colocar em prática o enfrentamento à doença, seja com equipamentos, testes ou restrições. Ao delegar a responsabilidade os prefeitos, o Estado não pode se eximir de orientar e até intervir, afinal tem a autoridade sanitária para isso.

As críticas ao governo chegam de diferentes lados de Santa Catarina. No Vale do Itajaí, por exemplo, a preocupação é com a região de Rio do Sul. O pedido por leitos de UTI se espalha para outras cidades. Em contrapartida, o Estado diz que cabe aos prefeitos decidir sobre restrições para reforçar o isolamento social. Pontualmente, há avanços no entendimento. O momento pede, porém, que eles sejam em todas as regiões catarinenses.

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Aparentemente, não há do governo Moisés uma disposição para agir neste sentido. Um parecer da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) enviado ao secretário de Saúde do Estado, porém, pode forçar uma mobilização no Executivo. Os técnicos alertam para a necessidade de uma medida mais dura de isolamento social, aos mesmo moldes da quarentena que foi decretada em março.

Independentemente do que ocorrer nos próximos dias, uma coisa é certa: prefeitos e o governo precisam se entender. Seja qual for o encaminhamento, não há divisão que interesse nesse momento. A luta não deve ser por discursos políticos mais convincentes ou cobranças dos dois lados, mas sim pelo reforço no combate à doença que até esta quinta-feira já matou 588 pessoas em SC.