Foi na reta final de janeiro que repercutiu a vinda de um ônibus da Bahia com 44 passageiros que chegou a Florianópolis no começo do mês. A “denúncia” partiu do Conselho de Segurança (Conseg) do Centro da Capital e teve eco dentro do Ministério Público (MP-SC). A informação inicial era de que pessoas em situação de rua teriam desembarcado na região do terminal de ônibus da Trindade (Titri). No entanto, aos poucos, revela-se que se trata de um grupo que já mora em Santa Catarina e voltava das festas de final de ano na casa de familiares. Junto a isto, fica confirmada que a repercussão em torno do caso vem carregada por fatores como o clamor que vive Florianópolis neste começo de ano em relação a pessoas de situação de rua com doses fortes de preconceito.

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Ônibus que veio da Bahia para Florianópolis: promotor se posiciona sobre repercussão do caso

Antes mesmo de qualquer tipo de apuração sobre o episódio, ganhou proporção o relato de que o ônibus teria sido “enviado” de uma pequena cidade no interior da Bahia para SC. Dentro do veículo estariam pessoas em situação de rua. A tese, entretanto, em nenhum momento foi confirmada por qualquer um dos envolvidos. A prefeitura baiana, acusada de ser a responsável pelo ônibus, reagiu rapidamente e destacou que a cidade nem sequer tem moradores de rua.

Para corroborar a tese, os serviços sociais da prefeitura de Florianópolis não foram procurados por nenhum dos ocupantes dos ônibus, como ocorre tradicionalmente no caso de pessoas que estão nas ruas. Assim sendo, os passageiros passaram a ter as imagens classificadas de diferentes formas simplesmente por desembarcarem num local incomum, que é o terminal da Trindade, e por carregarem mochilas nas costas.

Diante do clamor atual na Capital catarinense por situações envolvendo moradores de rua, o preconceito tomou conta e o ônibus com 44 passageiros virou o caso de maior repercussão deste mês na cidade. Mas, não deveria ser normal que pessoas que escolheram Florianópolis para viver vindas de outros Estados pudessem voltar para a nova casa delas depois de um final de ano em família? É o que ocorre na enorme maioria das situações semelhantes por aqui, mas os baianos vindos de Teofilândia foram taxados.

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Passageiros que vieram Bahia para Florianópolis alegam que retornavam das festas de fim de ano

Por fim, espera-se que os órgãos responsáveis por esclarecer o fato possam vir à tona para deixar claro o que realmente ocorreu como forma de reparação aos passageiros. Pelo que se sabe, inicialmente, o ônibus não estaria regular para a viagem, o que também merece atenção. Mas, também pelos fatos iniciais, os passageiros passaram a ser “punidos” simplesmente por serem quem são. Num “julgamento” inicial que revela o quanto a Capital catarinense ainda precisa amadurecer a forma de encarar a própria realidade.

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