Os médicos do Samu, em Santa Catarina, se posicionaram sobre as condições do serviço de emergência em uma pesquisa recente. O levantamento foi feito pelo Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), com a participação de 189 profissionais (54% do total) através de um questionário. Entre os pontos, eles fizeram apontamentos sobre ambulâncias, condições das bases operacionais e questões trabalhistas. Em SC, apesar de ser uma responsabilidade da secretaria de Estado da Saúde, o Samu é administrado pela empresa OZZ.
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De acordo com o resultado da pesquisa do Simesc, 80% dos médicos afirmam que quantidade de ambulâncias não é suficiente. Para 55% as condições de trafegabilidade não são boas e para 32,8% são adequadas. Em relação aos equipamentos de proteção (EPIs), quase metade afirma tê-los recebido de forma incompleta. Para 40,7% o material é adequado e 14% informaram que não há disponibilidade de EPIs.
Em relação ao pagamento dos salários, 80% afirmam que recebem o valor em dia, enquanto 11,6% dizem que há atraso. Os médicos também falam em atraso do 13º salário de 2019 e não concessão de férias há alguns anos.
Sobre as bases operacionais, a maioria dos profissionais médicos diz que não está satisfeita com as condições. Dos ouvidos, 70,4% informaram não terem condições adequadas para repouso médico e alimentação e quase 85% disseram que as condições de mobiliário são inadequadas.
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O que dizem o Estado e a OZZ
A coluna procurou a secretaria de Saúde e a OZZ para que ambas se manifestassem sobre os principais pontos da pesquisa. Em relação às ambulâncias, a secretaria diz que em 2019 houve um aumento significativo nos atendimentos e o serviço teve um reforço de 18 veículos para o suport avançado, além da doações para desafogar o trabalho de transferências inter-hospitalares. Sobre isso, a OZZ diz que a competência é da secretaria em relação ao número de ambulâncias, mas garante a manutenção dos veículos usados.
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Em relação aos EPIs, a secretaria para a responsabilidade da empresa neste quesito, mas declara fazer fiscalizações sobre as condições nas unidades. Em contrapartida, a empresa afirma que “todos tem ciência do hercúleo esforço empreendido pela OZZ Saúde para proteger todos os seus colaboradores neste período de pandemia” e diz que “ainda que o Estado não tenha pago até a presente data os valores decorrente dos EPIs adquiridos em favor das equipes operacionais, a OZZ jamais se omitiu em fazer profundos sacrifícios financeiros para o bem estar dos nossos profissionais”.
Sobre o pagamento de salário com atraso, a OZZ relata que “isso não condiz com a realidade”. Eventuais atrasos, afirma a empresa, podem ter ocorrido por “alguma inconsistência dos dados bancários”. Em relação ao 13º de 2019, o posicionamento é de que: “Situação devidamente comunicada aos colaboradores à ocasião, e mais uma vez, a OZZ Saúde arcou com tais custos sem o ressarcimento pela Secretaria de Estado da Saúde até o momento”. Já a secretaria argumenta que repassa em dia para a empresa os pagamentos. A discussão do 13º, afirma a pasta, ocorreu por “uma questão legal”, com o pagamento integralmente feito logo depois.
Por fim, sobre as condições das bases operacionais, a OZZ faz relatórios sobre as estruturas e os envia para a secretaria, responsável pelas melhorias. O Estado diz que cada situação é avaliada pela coordenação específica. A secretaria cita como exemplo a base do Saco dos Limões, em que os profissionais foram realocados pela falta de condições.
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ÁUDIO: ouça abaixo a entrevista do presidente do Simesc à CBN Diário sobre o tema:
CORREÇÃO: A OZZ é uma empresa privada e não organização social, diferentemente do que foi publicado inicialmente. O texto acima já foi corrigido.