Carlos Moisés da Silva foi alertado. Por mais de uma vez, pessoas próximas ao governador o procuraram para avisar que seria importante reduzir o distanciamento com a Assembleia Legislativa (Alesc). Moisés relutou, e só abriu os olhos para a importância da relação com o parlamento quando os processos de impeachment se avolumavam. Os dois votos favoráveis ao governador na noite de 20 de outubro de 2020 na denúncia sobre os respiradores resumem a inabilidade política do chefe do Executivo.

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Faltou mais do que conversa entre Moisés e os deputados. O erro vem antes disso. O governador nem sequer mostrou-se dispostos a dar o primeiro passo na busca pelo apoio republicano. E aos poucos distanciou-se do Legislativo. Por mais que haja uma discussão do mérito de cada um dos pedidos de impeachment, a falta de articulação interferiu diretamente no futuro dos dois processos aprovados na Alesc.

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Destaca-se ainda a perda de relevância de um governo já desacreditado. Em 17 de setembro, Moisés recebeu seis votos na votação do impeachment da equiparação salarial dos procuradores. Agora teve dois. A força política já bastante debilitada ficou ainda mais desgastada, principalmente pelo tema envolvido na discussão, que foi a questão dos respiradores e do combate à pandemia.

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O resultado contundente na Alesc não significa que o governo errou apenas nos últimos dois ou três meses de tramitação das denúncias. A inabilidade foi construída em um ano e nove meses. O avanço dos impeachments tornaram-se consequência da fragilidade. Uma deficiência que era conhecida do próprio governo, mas foi ignorada.